terça-feira, dezembro 16, 2008

Notas sonoras


"passions of people sleeping late into the evening reach behind, they can hardly find their spines"
in 'Something is not Right with Me' - Cold War Kids
Recomendo a banda.

segunda-feira, dezembro 15, 2008

Tic-Tác-Tac-Tác-Tic


Ele olhou para o relógio mais uma vez. Nos últimos trinta minutos, esse gesto havia se repetido mais de dez vezes. O pé direito batendo inquietante no chão, ora o direito, ora o esquerdo, inconsciente, em compassos quaternários, era a reprodução mais instantânea de sua ansiedade (só ansiedade?). O sofá começou a se tornar desconfortável, mais até do que o corpo que coibia o vôo de sua alma, o tempo não estava no mesmo time que ele.

Levantou-se e pegou mais um pouco de vinho tinto, não havia outra coisa para beber. A noite já ia alta e quente, comum para aquela época do ano, mas mesmo assim se sentia à vontade para aquele gesto invernal (Como se houvesse inverno por lá...). Ao se sentar novamente, ficou olhando para o telefone, inerte. Só que isso não o incomodava, a casa estava vazia, como em poucos momentos. Muito além de uma representação estática, precisava agora de algo tangível... Novamente olha o relógio, inócuo.

Depois de tanto pensar, algumas boas goladas de um vinho – o bom já fora todo bebido no início da noite, restava-lhe algo de qualidade duvidosa – que seja, naquela altura do campeonato isso seria de somenos importância.

Lembrou-se de alguns filmes que havia visto, nada ligado à mega-produções e tão menos a sucessos de bilheteria, sabia muito bem o quanto aquilo não era real e compatível com sua vida. Inorgânico. Pensou em algo mais cru, sagaz, mais parecido com a vida. Sua vida poderia seguir o roteiro de um filme B ? Talvez.

Daí se lembrou de uma frase niilista de uma amiga que rezava que “A vida segue como um filme B, um reflexo, uma brincadeira de mau gosto sem fim...”

E depois, foi trilhando seu caminho. Sem querer render mais e nem procurando se perder em mais pensamentos. Aquilo poderia terminar de uma forma estranha. Guardou seu sarcasmo, seus sonhos mancos, o seu aprendizado da dor e do prazer e foi dormir.

Melhor idéia da noite.

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Não há sol sem sombra

Os dias de fato passaram, para quem pensava que iria demorar, aí está ele. O fim do ano.

Falta muito pouco tempo para chutar a bunda do 2008. Como todo mundo sabe sempre tento fugir dos clichês. Porém, reconheço que eles são uma forma simplória de dizer sobre alguma situação, sendo que não exigem muito esforço da gente.

Pois bem, já fiz um intróito, agora vou “clichezar”, pensando sobre o ano de 2008, fim de ano, reflexão... Não me lembro do último ano que passei de forma plena os seus (meus) últimos dias. Era invadido por uma nostalgia maléfica, que não me deixava à vontade, de forma alguma. Minha mente funcionava como um crepúsculo incessante, a moral da história era a de que o ano findar-se-ia, os males jamais.

Pode ser produto de alguma maturidade alcançada, pode ser em virtude até mesmo de algumas superações pessoais que refletem no diagnóstico deste interlocutor confuso.

Num repente, as coisas têm acontecido de uma forma muito intensa no fim do ano. Isso se tem repetido. Parece que sou tomado por uma ansiedade no sentido de que o ano termine logo e eu possa, de vez, acabar com esse estigma de que simplesmente não consigo ficar de boa num fim de ano com todas as suas adjacências.

Tenho me esforçado para aparentar toda a calma que me falta. Não tem um motivo isolado para explicar isso, mas, podemos nos referir, talvez, à uma série de fatores. Serie de fatores que acabaram por evacuar e concentrar numa época do ano. Comigo acontece no fim do ano, algumas vezes na véspera do meu aniversário também.
Não posso reclamar de 2008.

Depois, tudo isso que eu disse, passa. E eu supero tudo novamente. É a minha vida.


Ruminança:
"o principal defeito das crianças, além de não fumarem o bastante, é que quase sempre estão acompanhadas de adultos." - Autor desconhecido.