terça-feira, dezembro 29, 2009

Toda essência


Por muitas vezes já tomei esse tipo de decisão, creio que tem a ver com a minha época mental. Sou de lua. Não! Eu não farei nada ou, pelo menos, nada que me obrigue a fazer um esforço físico maior que mover os meus olhos.

Tirarei o dia para reavivar meu bem-estar, apesar de acreditar ser quase impossível, meu gosto pela vida e minhas forças para continuar, amanhã, essa rotina que me consome.

Eu tenho certeza que todos nós pelo menos um dia já sentimos essa vontade. Quando estamos cansados, não queremos falar com ninguém, ficamos mal-humorados e queremos apenas relaxar. Portanto, não me julguem...

E assim o fiz. Em mais uma vez na vida fiz o nada ou parte dele. Preciso que não me pergunte quanto tempo fiquei ali, parado, estático, como um vegetal sem luz e sem cor em um dia sem objetivo. Quase como um feto sem a mínima pressa para ser parido.

Totalmente inútil.

(Claro, nesse ponto eu pulei uma grande parte do dia. Aliás, esse texto esconde sim algumas nuances, mas que não combinariam tanto com o tom solitário da narrativa.)


Amanhecendo um novo dia, volto a minha rotina: acordo com muita relutância; dias corro para o chuveiro, noutros não; me visto; como algo; escovo os dentes e vou para o trabalho. Vejo as mesmas pessoas, os mesmos problemas... NADA mudou.

Voltando para casa, olho as pessoas ao meu redor. Percebo que a maioria delas se comporta como eu no dia anterior e pior, eu não fujo a regra! Nos preocupamos tanto com os nossos problemas que, no final do dia, não fazemos nada de útil. Há apenas o egoísmo pairando sobre nós, mesmo que sem querer, mesmo tentando ser altruísta.

Acabo por constatar que eu não sou egoísta porque nem em mim penso quando nada faço. Assim, o que importa não é necessariamente fazer algo... O conselho que dou, é apenas tentar ter gratidão, diariamente, pela oportunidade da vida. Faremos disso um exercício diário, no Livro dos Dias.

sábado, dezembro 19, 2009

Assim falou Bustamante

Mas como eu gostei do que meu amigo Eric Bustamante escreveu sobre minha postagem "Artes Práticas", tanto gostei que tenho a honra de publicar esse comentário dele. Genial. Pegou o feelling da coisa.

Eis do que falo:


"Estamos todos na mesma embarcação meu amigo. O que descreveu com maestria foi um ser se afogando no que chamamos de sociedade. Na nossa constante busca por nos tornarmos seres sociais e sociáveis acabamos atropelando os nossos valores a fim de nos encaixarmos. Com o tempo passamos a achar a nossa falsidade normal e acabamos por fazer coisas das quais não nos orgulhamos ou que não nos dão prazer. Não é por acaso que vemos engenheiros que queriam ser pintores, médicos com medo de sangue e pessoas vivendo com quem não tem nada a ver motivados apenas pela beleza. É por isso que tomamos champagne enquanto estamos sedentos por uma puta cerveja nacional, compramos carlton para sair deixando o Derby prata em casa e nos tornamos corruptos marcadores de lugar em fila. É fácil descobrir que passamos para “o lado negro da força”, mas é muito difícil a busca pela “sociedade alternativa” que esperamos. Coragem cara pálida, mas sem exageros. Se quiser um conselho, o meu é colocar alguns dos seus sonhos de Raul em prática e deixar outros para a hora de dormir; assim você pode se tornar um adulto com sorriso de menino. Um abraço Brother.

4 de dezembro de 2009 17:08 "
Um grande abraço, meu caro. Continuemos a pensar e refletir. É o que nos resta.

Eu tenho um sentimento


Estive aguardando e pensando por longo tempo sobre essas sensações que me remetem aos prazeres de um homem comum. Essas sensações nem sempre me interessam, dentro do meu espírito eu me privo de alguns sentidos e os levo para longe.

Tenho notado também que está ficando rápido e cada vez mais rápido, movendo-se ainda mais rápido agora, está ficando fora de controle. Luzes piscando, e a frequência aumentando rigorosamente.

Ando vigiando tudo, ou mesmo tentando fazê-lo. Não terei compaixão por nada e por ninguém.

Quem está certo?

Quem pode dizer?

Quem se importa?

E vamos seguindo até uma nova sensação tomar conta disso tudo e assumir o controle.

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Artes práticas

E como se tornou especialista na arte do cinismo. Era sempre a mesma coisa. Cínico como nunca. Poderia sim passar facilmente quando e por quem quisesse.

Era capaz de cumprir deveres que lhe causavam urticárias de fúria, mas conseguia oferecer um sorriso meigo como de uma criança. Fácil.

É que aos poucos tentou e achou a origem disso tudo, dessas coisas e desse comportamento bem, mas bem ortodoxo...

...Quem sabe seria para sustentar seus monólogos solitários e assim se distrair das adversidades, não era direcionado a terceiros, mas acabou tomando uma proporção tão grande dentro de si mesmo que acabou quebrando a casca do ovo, pariu um comportamento real, que lhe deu um juízo de caráter, digamos, diferente.

E num repente comportamento e personalidade trocaram fluidos, comungaram, tornaram um só.

Assim ele falou.

segunda-feira, outubro 19, 2009

Negative Creep


...Como se toda a sua ansiedade em alcançar aquilo acabasse com uma série de antigos paradigmas que jurava como verdadeiros. Seus – e neste ponto sentia vontade de poder conseguir voar mais alto; eram necessários mais alguns anos que a vida não poderia suprimir.

Fora tragado para o buraco negro. Tragado para um lado obscuro onde conseguir, repito, conseguir ver um pouco de luz já era o bastante para causar-lhe um falso sentimento de êxtase.

Em vão. Idiota. Isso é facilmente retirado de pauta pelo seu subconsciente ou, em alguns casos, pela própria vida.

E continuava, sendo certo que ao longo dos anos tinha se tornado uma pessoa complicada e com dificuldades em fazer amizades. Hãn? Talvez pela sua falta de senso em ceder nas concessões ou mesmo por achar e provar e que não consegue se dar bem com as criaturas da luz. Meus caros, ele passou muito tempo na escuridão e por lá aprendeu muito.

Apenas mais um para a sua coleção.

Vamos contar com a compreensão de todos.

sábado, outubro 10, 2009

Don't cry

Bom, por hora, acho que resolvi meus problemas com as lágrimas.

sexta-feira, outubro 09, 2009

Abraça forte

Gosto muito de caminhar ao longo dessa porcaria e me deparar com alguns momentos alheios. Sim, alheios e portanto não me pertencem. Como se eu fizesse alguma questão...
E caminho e vejo.
-Olha lá... Tá vendo aqueles dois ali?
-(...)
-Pois é, aquele casal encostado na parede, sob a marquise se abraçando de uma forma tão...Tão...Tão solidária! É isso.
-To vendo sim...Aqueles dois, né? To quase acreditando nisso.
É o que eu vejo, os vejo abraçando, algo do tipo gesto de confiança. Divagando nessa idéia, acabo por acreditar que naquele momento, durante alguns intensos minutos, o mundo pode parar e esperar um pouco.
Reformulo; o mundo pode deixar de existir por alguns instantes e mesmo se existisse, os dois não se importariam, pois, ambos têm a total ciência de que ele não é importante naquela hora.
E permanecem no calor do abraço confidente, apertando ainda mais os laços. Não são necessárias palavras. É que toda a comunicação acontece por gestos, toques e olhares e por vezes, por lágrimas.
Esse é o abraço do recomeço, do perdão, do arrependimento, da dação, da despedida.
Os céticos olham e não acreditam em sentimentos. Os apressados passam o olho. Os curiosos olham e olham, sem pudor. Os insensíveis não olham.
E Eu?
Olho e suponho. Penso. Logo, ainda existo, ainda estou aqui.

Num abraço...
As palavras voam pelo tempo vivido
E os sorrisos trazem saudade
Num abraço
A noite passa sem tempo
E as lágrimas soltam-se
Num abraço
Lembramos o amor daqueles que recordamos
E dividimos a dor... porque os amamos
Num abraço
Esta data relembro

*Desconheço o autor do poema supra.

terça-feira, setembro 29, 2009

Metavisualizaçãointerna


E se olha no espelho e nada mais vê ali do que ele mesmo. Mas muitos poderiam imaginar que esta é a verdade, não haveria o porquê de se olhar e ver algo diferente de você mesmo. Nesse ponto de vista a opinião é sempre unânime: Não há como não assentir.

Contudo, mesmo olhando o reflexo tentava mudar o que via, fazendo caras diferentes e alavancando uma pose algoz que jamais lhe pertenceu, ou não?

E lá ficou por tempo, até se despedir da imagem, voltou ao seu aposento e ficou imaginando algo do tipo: Noites persas, poder, posse, respeito, devaneio, caos e guerra.

Em pensar que tudo isso passou por sua cabeça num dia tão simples e chuvoso, enquanto mergulhava mais uma vez em uma considerável dose de solidão.
Um novo dia há de começar, uma nova noite há para ser terminada.

Lado B


Se o caminho dor traçado com disciplinar retidão, não se abrirá espaço para o deslizamento.

-Por que você não consegue dar-se por satisfeito nunca?

-Mas quem disse que a satisfação poderá, de fato, ser alcançada em sua plenitude?

É que as imagens, noções e conceitos de satisfação se assimilam em muito aos conceitos de felicidade, talvez por caminharem sob um compasso muito sincrônico.

É claro, pode ser uma resposta sustentável. Assim, teremos que em primeiro lugar buscarmos a satisfação, para depois, diante da satisfação sentirmos o gosto da felicidade...

...E mais uma vez caímos no conceito/idéia lacunoso de se considerar a hipótese de não se alcançar a plenitude no primeiro e nem no segundo, via de regra. E daí? Qual a saída? Há saída?

Pura tolice. Como se alguém se importasse.

domingo, setembro 27, 2009

He's back

Após um longo período sem postar no meu blog, estou de volta!

E olha que a não postagem não foi por desídia, haja vista que tenho uma gama razoável de escritos, feitos ao longo desse hiato virtual.

Em breve novidades nem tão novas...

quinta-feira, junho 25, 2009

1/365

E outra vez, ele olhou para o calendário na parede. Parecia não acreditar que a data era a que mostrava na folha, que um ano havia se passado com uma velocidade tão absurda, comum? Lembrou-se dos sorrisos, das promessas, dos beijos. E de tudo que fizera depois de todos os atos. De como suas certezas viraram dúvidas, de como suas garantias fugiram dele mesmo. Já estavam no carro, ele impassível, ela inflexível. Passos que se vão, apressados. Um tchau virando um adeus. E a ilusão de que fazia o certo começando a se desfazer no segundo seguinte, repente.

Por isso, o calendário doía, nefasto. Faltava algo ali, sempre falta algo. Os mesmos sorrisos, os beijos mais acostumados, as novas promessas, nem tão novas assim. Não aquele vazio, aquela pergunta gritante sobre o que teria sido. Sempre lidara mal com escolhas, e agora tinha a sensação de que a única que fizera acertadamente foi desfeita pouco depois, por uma sucessão de atos que poderiam funcionar como a síntese de sua vida. Mas era impressionante como tudo ainda era vivo em sua memória. Logo nela, que sempre costuma falhar. Logo nela, que sempre faz questão de esquecer...

“Três anos”, suspirou. Pensou no significado que aquilo tomava, no tanto que havia para ter sido feito nesse tempo e que simplesmente deixou de ser. A vida seguiu seu curso, com áspero egoísmo, muito aconteceu e quase nada estava no mesmo lugar. Não podia dizer que tinha sido ruim esse tempo. Só era impossível negar que queria que ela estivesse ali. Vitórias eram importantes ao lado dela, mesmo aquelas que não viessem, algo a ser divido, mas nunca sofrido,apenas vivido.

Por fim, rasgou o calendário. Muitas horas ainda faltavam para que ele se encerrasse, mas pensou que pudesse abreviar as lembranças assim, amenizar talvez. Era mais uma tentativa de se enganar, como tantas outras que surgiram nesses 365 dias em que frio, calor, viagens, aprovações, devaneios inócuos, descobertas, fracassos, bebidas e tanto mais se deu sem ela. Deitou-se na cama e acendeu um cigarro. Sorriu, sem nem saber por que o fazia. E resmungou baixinho, como quem não consegue segurar um pensamento absolutamente indevido: “na verdade, dói pra caralho você não estar aqui”.
Ps: Créditos da bela foto acima, eis que foi retirada do belíssimo filme "Control", que conta a história de Ian Curtis. Assim, escrevi este post também.

quarta-feira, junho 17, 2009

Conto de uma refeição

Caminhou o rapaz em busca de sua refeição.
Chegando ao estabelecimento de alimentos, sem pressa, pegou o prato acompanhado dos talheres devidamente embrulhados e cuidadosamente enrolados num guardanapo, com um saco plástico. Higiene, ainda que meramente visual é agradável...
Não havia muito tempo que fazia sua refeição por lá. De certo, não é complicado agradá-lo. Tem lá suas peculiaridades e escolhas aliementares, mas nada que fuja ao padrão comum.
Olhou o que havia a ser oferecido, e foi se servindo. Seu prato em pouco alternava. Fazia sempre as mesmas opções; digamos sê-lo um conservador dos alimentos. Alimentos, apenas?
Não costumava muito olhar para as saladas, pensava em sua mente: "Sabe-se lá se isso foi devidamente lavado, quiçá fora lavado... Melhor não me arriscar! Tenho meus meios de ferrar com minha saúde que não com hortaliças".
Sentou, desenrolou os talheres, um pouco de sal na batata. Começou a se alimentar.
E, no meio do procedimento fora surpreendido...
É que no meio do feijão havia uma pedra...Havia uma pedra no meio do feijão.
Sorte de ter dentes fortes, não sentiram muito o abalo causado pela minúscula e nefasta pedra do feijão. Fora brevemente localizada e colocada em quarentena numa parte do prato. O dente estava intacto.
Talvez da próxima vez irá comer com alguma cautela, talvez.

sexta-feira, maio 29, 2009

O Pequeno Príncipe



E ele vai caminhando pela rua, com seu passo bem comum. Bastante comum, como o todo que o é. Não é um trote lento, mas também nada muito acelerado e forçoso. Na verdade, caminhadas nunca foram o sua atividade predileta.

Lembrou-se naquela oportunidade dos tempos de outrora... Já fora quase um atleta. Era bem veloz nos 100 metros e com falsa modéstia, era imbatível. Chegou até mesmo ao ponto de esboçar uma vontade em jogar futebol. Por algum momento até pensou que era bom naquilo...

É que algumas das suas escolhas acabaram por dar destinações diferentes daquela que era observada . Entre o futebol e as corridas dos 100 metros, ele acabou correndo muito além dos 100 metros...Distanciou-se, muito.

Mas vamos voltar à caminhada pela área central da metrópole montanhosa. Ele sempre caminhava, caminha e pensa ao longo dessa idéia. Gosta de burlar o tempo parado numa banca de revistas, fumando um cigarro e dá uma espiada nas revistas, nos jornais do dia e algumas outras inutilidades e quando é acometido por algumas lembranças.

Estranhas, na verdade, sendo certo que nada tem a ver com o que era visto naquela hora. Não há lógica, apesar de se achar racional, é bastante ilógico também. Lembranças sempre o pegavam de surpresa, daquelas que se lembra uma vez só na vida e não se consegue entender o porquê daquilo ter ficado armazenado na sua mente por tanto tempo.

E lembrou-se daquela vez em que, no maternal, naquela escolinha no bairro, após chorar um pouco considerável entrou no estabelecimento de mãos dadas com alguma “tia” da escolinha. Era dia de natação, e estava devidamente carregando sua sunga estilizada e alegremente colorida. Em resumo, na ocasião, colocou seu traje de banho e curiosamente dispensou as bóias que se acoplavam aos braços.

Antes mesmo da “tia” ordenar que eles e os coleguinhas entrassem na piscina - grande a piscina para uma criança de menos de 1,30m de altura - , num gesto bem estranho e incomum de coragem virou para a “tia” e falou:

-Já posso entrar na água?
-Mas sem bóias? Você sabe nadar mesmo?
-Sim, claro que sei!
-Tem certeza mesmo?
-...Tchibummm!

Já havia pulado, com convicção e segurança. Pulou, afundou, desesperou-se e não conseguiu sequer tocar com os pés no chão. Por um instante percebeu que parecia não ter fundo. Pensou em algum milésimo de momento que morreria, ficou se debatendo na água até ser salvo por alguém, que não se recorda ao certo. Assustado, saiu da piscina e chorou. Não queria mais aquela brincadeira no dia...

Assim, mais uma vez o vento trouxe-lhe essa memória e traz outras também, da mesma época, do mesmo lugar...Como na hora da merenda, em que a sala era invadida por um cheiro próprio daquele momento, daquela época, daqueles anos... Um cheiro sem definição certa, mesclando o azedo do suco de laranja que ficava numa garrada térmica, o doce dos biscoitos recheados e quente como um pão de forma com presunto que ficou dentro da merendeira por longo tempo, junto com uma pequena toalha para forrar a mesa para o banquete.

Por vezes era realizado algum tipo de mercância, alimentos eram trocados, e tinham uma valia impressionante os pães de mel, chocolates e coisas doces...

É que esse cheiro teima em aparecer algumas vezes, e sempre quando o sentir será levado para aquele momento que ficou congelado no tempo. Talvez, naquela hora, seria até mesmo capaz de dizer algo para seus coleguinhas... Quem sabe falar com o Willian que levasse o pai que era mágico para nos fazer uma nova apresentação? Pois a anterior havia sido bacana demais! Ou mesmo virasse para a Isabela e dissesse o quanto a achava legal, enquanto brincavam no "parkim"?!

Quem sabe? Ele não sabe. Sabe apenas que se lembra com uma melancolia efervescente, com torpor, que depois se traduz em tristeza. Nietzsche e Freud explicam...

...E continua caminhando para o presente.

domingo, abril 26, 2009

Não lhe restava muita coisa


E ele que sempre gostava de silêncio logo após chegar em casa. É fato, a vida não estava fácil naquele tempo. Roberto estava mentalmente cansado. Havia tempos...Ainda assim sempre repetia o mesmo ritual; retirava as cartas da caixa de madeira e as jogava sobre o lençol, as cartas ficavam abertas, mas daquela forma ansiosa que os amantes abrem.

Com as pernas quase cruzadas, os óculos recostados na ponta do nariz e a luz da luminária baixa, compondo-se, assim o visual que todos podem imaginar. Ele se escondia na sua escuridão controlada.

Para qualquer um que pegasse aquelas letras fortes e azuis, num papel branco e até gasto não falariam nada a não ser: são palavras. Para Roberto, eram mais do que palavras, eram tiros, facadas, tapas. Dor.

O clima era de silêncio total, sendo que o único barulho vinha de dentro do corpo de Roberto. Um coração em ritmo lento, e cada parte do seu corpo gritando e querendo sair, ir embora de uma vez por todas. Mas não se separavam; todas as noites a cama estava lá, as cartas também. Ele não.

Todas as noites começavam e terminavam da mesma forma. Lia cada frase já decorada, e abria a janela para tragar um pouco de ar, tentando se purificar com o coração vago e o pensamento aflito. Depois abria um livro e pensava que aquelas linhas não eram para ele e sim para todos... Eram frases ditas para todos, sem sentido nenhum para ele.

Só não percebe que as cartas também perderam o sentido, pois aquela não era mais a sua vida, nem ela era mais dele. Somente ele acreditava que ainda era ele.

Talvez a porta ainda se movesse, o armário ficasse maior que o normal, as janelas gigantes e ela cada vez menor dentro do quarto. Ali esperava, sentado, e escrevia apenas o que precisava dizer:

“Lembrei de você no meu fim também...”

terça-feira, abril 14, 2009

Monocromático

É que tentar escrever sob a pressão do bloqueio é algo que sempre me amedronta e fascina. Vendo cada palavra sendo criada, de uma forma incosequente, e depois perceber que aquilo tudo deu uma forma torna-se um processo que posso me orgulhar, ainda que o resultado seja diverso do pretendido.

Mas ainda assim eu escrevo, tento me fazer entender, por vezes. E aí que o mundo se resume a poucas sensações, e eu acabo me tornando um personagem de mim mesmo, vítima dos meus próprios erros e autor de um melodrama.

E tudo vira outono, inverno. É meu mundo frio, monocromático. Repleto de dúvidas, incertezas e dificuldades. Ainda que apenas meu. Ainda que alguem cisme de se indentificar, é apenas meu.

É uma visão assim como todas as outras, só que unilateral. Minha. E acaba sendo de todos. Quase todos, eis que alguns preferem fugir à realidade e se sentem incomodados com ela, acontece.

Acontece que a vida é a mesma para todos, é a mesma para quem quer viver, pelo menos em essência. Quero dizer que qualquer um vai sofrer aquilo que precisa sofrer. Dor ou alegria, há muito mais por aí do que palavras esperando sentido.

É que às vezes o céu é cinza, às vezes a chuva cai, às vezes eu sofro um pouco, às vezes eu sei como tudo é.

Às vezes não.

domingo, março 29, 2009

Eu aprecio vossa atenção


Na verdade, quando comecei isso aqui, a idéia era apenas publicar alguns escritos dos quais eu me orgulhava.

Alguns pensamentos que eu, naquela época, precisava muito colocar para fora. Dar vida às palavras, que eram a priori, pensamentos somente. Meus.

De lá para cá, virei um escritor compulsivo, refém do meu próprio monstro.

De fato, nunca imaginei que pudesse durar tanto. Hoje me orgulho disso. E confesso ter planos maiores do que um blog, é verdade. Acho que tem muita gente que sente falta disso, que sente falta de "ouvir" e pensar o que está escrito aqui; ou mesmo se sente confortável. Vai saber...

Que seja. Obrigado a todos que fazem parte disso aqui, tanto como leitores quanto como fonte de inspiração. Vocês são a origem e o fim de tudo.

E que mais e mais anos se sigam em palavras, pensamentos, relatos e reminiscências.
Ps: Linda foto, não? O Rei chorou.

quinta-feira, março 26, 2009

Adendo

"Jurei mentiras e sigo sozinho."

"Sangue Latino", Secos & Molhados

Gosto dessa parte!


Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você sonhava
De olhos abertos lhe direi
Amigo, eu me desesperava
Sei que assim falando pensas
Que esse desespero é moda em 73
Mas ando mesmo descontente
Desesperadamente eu grito em português
Tenho 25 anos de sonho e de sangue
E de América do Sul
Por força desse destino
O tango argentino me vai bem melhor que o blues*
Sei que assim falando pensas
Que esse desespero é moda em 73
Eu quero que esse canto torto
Feito faca corte a carne de vocês

"À palo seco", Belchior.

*Eu prefiro o blues, mas essa letra é fóda, ouçam a versão do Oswaldo Montenegro.

segunda-feira, março 16, 2009

Caminhando em contradição


E partia sempre trilhando seu caminho da impessoalidade.
Partia com cautela, isso sempre foi uma coisa que fazia questão de ressaltar em todos os seus comportamentos.
Na verdade, em 98% deles.
Quanto ao restante, esses sim lhe trouxeram consequências que as chagas não lhe deixam esquecer.
Certo de que o caminho não precisa necessariamente levá-lo a algum lugar, continuava a caminhada.
Por pensar que caminhar talvez seja o próprio destino.
Obsolento e verdadeiro.
É o pensamento. Pode ser o caminho.
É possível encontrar algumas pessoas nele.
É comum, ora pois, cada um também percorre o seu caminho.
Dificilmente mudam as rotas.
Ressaltamos a individualidade dos deles.
Peculiaridades.
Cada qual segue o seu, outros se envolvem bastante em caminhos alheios, outros não se dão à esse "luxo".
Até aonde se permitir?
E você volta de onde começou.
Não à toa escolheu não ter chegada para sua partida.
Qualquer porto seguro poderia estragar os seus planos.
Que se desse a travessia, por fim.
Segue só.

Soluções práticas


Na vida é assim, meus caros, cada um faz o que pode.

Contra razões

Após mais de duas semanas sem postar, aproveito esta segunda feira, diga-se, atípica, para tentar escrever alguma coisa para movimentar esse blog. Ele precisa, eu preciso.
Fico com esse compromisso na cabeça. Não é que me faltem idéias, muito pelo contrário, isso eu sempre tenho. Nem mesmo me faltam questionamentos. Esses eu tenho, alguns são expostos, outros não. Por não dever e por não querer.
Não tenho desídia com meu blog. É uma das verdadeiras poucas coisas que eu gosto. E me sinto bem quando vejo que alguém lê, e depois comenta, no blog ou pessoalmente.
O grande motivo desse ínterim de ausência de posts se dá ao fato de que minha semana se apresenta num ritmo muito acelerado, ao ponto de não conseguir tempo para colocar por escrito minhas turbulências mentais. Elas já são confusas por natureza, e se forem colocadas, na essência crua, neste espaço ficaria muito ruim, ao menos para vocês.
Apesar dos pesares, tenho que colocar alguma coisa de qualidade por aqui.
E esse sou eu, mais um vez, sempre me justificando... E para quem?

Café & Cigarros


Pois bem, lembrei-me de algo que vi em mais um desses filmes que ando vendo. Tenho me tornado um verdadeiro cinéfilo, tomo gosto pelo filme mesmo quando ele não seja nenhum primor.Talvez isso esteja ligado à arte de tirar arte do que, aparentemente, não tem arte.Mas eu sempre consigo ver arte nos filmes, sempre tem algum fato que merece ser observado com atenção especial.

Deixa isso pra lá. Quero falar de outra coisa nesse post.

Quando nos deparamos em algumas situações advindas das relações do trabalho, chegamos a questionar nossa existência no campo profissional.É sempre assim, afinal, é um trabalho e assim deve ser tratado.

A palavra profissionalismo engloba algumas dolorosas variáveis. A tal da hierarquização é algo difícil de lidar.

Algo como sociabilidade, é difícil, não é pra mim.

Sei que em determinado momento, antes de enfrentar a tempestade de frente, estamos cheio de gás. Cheio de disposição.Mas ela vai se sucumbindo...E ao final, após tanto desgaste, tanta úlcera, tanta raiva, tanta doação, em troca de uma quantia cifrada ao final do mês para pagar suas contas e ter os seus momentos de lazer, apenas ratifico o que havia visto - voltando ao tema dos meus filmes - que, ao final de tudo, no trabalho, sua companhia mais fiel e agradável se resume ao café e aos cigarros...
"And fly fly away, from this dirty boulevard
I want to fly, from dirty boulevard "
-Lou Reed in Dirty Boulevard

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Flores & Vinho


Olhava para aquele belo copo,
Algo deveria preenchê-lo.
Uma bebida quase doce...
Para os momentos bons, poucos na verdade.
Um drink forte!
Para os momentos de coragem e vingança.
Uma tequila talvez...
Para os momentos de maior loucura mesclada à empolgação.
Uma cerveja.
Para o casual, quase obrigatório, sim, básico.
Um chopp?!
Para marcar um encontro, agradável.
Uma dose.
Para cumprir uma promessa, ou para se enganar.
Ou apenas uma bebida qualquer...Não importa qual for!
Para amenizar uma dor,
Uma tristeza,
Uma saudade de si mesmo...
Um vazio.
Como aquele copo que você viu,
Tão cheio de tudo,
Mas, ao mesmo tempo, tão vazio de si mesmo.
Tão pessoal quanto aquela pessoa,
Quanto aquelas pessoas - pessoal/pessoa-.
Tão momentâneo quanto aquele momento, quanto aos vários momentos da sua vida.

Tão...

Vazio.
Ps: Antes de mais nada, devo atribuir os créditos da foto supra ao Bruno, que é de autoria do rapaz. Aliás, certamente ele tinha um belo acervo de fotos, em filmes, que, por um infortúnio foram perdidas na Bolívia...

Se der tempo ao tempo


"O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções."


terça-feira, fevereiro 24, 2009

Esse é meu lixo


Caralho, me cago de rir desse bando de idiota pulando que nem cabrito no cio nessa merda de festa que eles chamam de carnaval (carna-anal-vial) na Sapucaí.

Na verdade, essa merda de espaço chamado “Sapucaí”, nada mais é do que um espacinho no subúrbio do rio – aliás, o que não é subúrbio no glorioso rio de janeiro - acho que na verdade só Copacabana não é subúrbio naquela cidade maravilhosa da balinha quase perdida, aliás, a bala sempre acha alguém.

Mas, o que eu quero mesmo retratar aqui é a parada relativa aos desfiles das escolinhas de samba. Me cago de rir de novo, morro de rir. O que tem de vagabunda defendendo a generosa “causa” natural em prol dos animais e contra as roupas e casacos feitos com pele de bicho. Cômico na verdade, quer dizer que o pêlo do tamanduá-pico-da-bandeira-da-vergonha não pode ser usado, mas os passarinhos e os bichinhos de penas podem totalmente perder as penas? Sim! Isso pode e ninguém fala nada.

E tem mais. Os “aquecimentos” e “ensaios” das escolinhas de samba são lindos! Entrada franca para todas as vagabundinhas da Globo. E, claro, para as gostosonas da moda: A mulher pêra, a mulher jabuticaba, a mulher manga, a mulher kiwi, e por aí vai, de acordo com o grau da vadiagem.

Ainda mais cômico é como os artistas da Globo adoram o carnaval. É bacana, né? Até as mocinhas boazinhas gostam de ralar o bumbum na câmera e fingir que gostam de sambar e fingir que sabem sambar. Claro, dá ibope. Dá para sair na Caras, dá para sair no site da Globo, dá para aparecer e no final das contas e das sambadas dá para dar para um grande diretor, quiçá para algum produtor, quem sabe sair na Playboy? Talvez algum jogador de futebol que, quando não pega uns travequinhos, se diverte com mocinhas...Ele paga a conta, mocinhas! Sim! Paga tudinho! Hummm...Intressante!

Mas no final das contas o mais legal é a festinha que sempre rola depois. Festinha legal! Muita putaria! Muita droguinha de gente rica! Muita gente importante! Muito empresário! Muito diretor! Muita putaria!

Enfim, vale a pena pagar uma de sambista, uma de que curte carnaval, uma de despojada! Afinal, esse é o nosso lixo!

Então gringos, venham! Venham! Essas são nossas garotinhas! Irão receber-lhes com o rabinho de fora no aeroporto do Galeão! Mas, lembrem-se, não podem tocá-las, apenas se vocês tiverem din-din, e muito din-din! Caso contrário serão enquadrados no estupro ou no atentado violento ao pudor, afinal, nossas mocinhas são santas e mocinhas de família, e vocês, meros desrespeitosos!

Maldita santa hipocrisia.

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Considerações sobre o tempo em face a reles

Por alguns dias andei pensando muito sobre o tempo. Como as coisas que mesmo sem mudar acabam tomando uma perspectiva diferente diante dos nossos olhos e diante da nossa mente...Gastei horas pensando sobre algumas coisas, de certo são exemplos pequenos, mas que servem para ilustrar o que estou dizendo.
Quando era pequeno, sempre costumava a achar o mar uma imensidão, e que a sensação de pisar na areia da praia e sentir a água do mar era uma das coisas mais prazerosas da vida. Sempre no dia de ir embora do litoral me remetia um sentimento de tristeza em ter que deixar aquilo tudo lá...Hoje já não ocorre o mesmo, pude perceber que o mar é grande sim, mas nem tão grande quanto eu imaginava. Pisar na areia o dia todo não é nada legal. Ir embora é bom.
Quando era pequeno, em virtude da minha criação católica, sempre ia à igreja aos fins de semana, e sempre fixava meu olhar para o painel da frente da igreja, e por toda a sua extensão. Me parecia algo enorme, e cheio de pessoas, muitos bancos, um amplo espaço. Me sentia curioso em saber o que havia por detrás do altar. Que segredo esconderia? Por fim, ao voltar na mesma igreja, vi o quanto é pequena aquela igreja, e que não há nada de interessante que possa estar lá atrás a ponto d'eu me preocupar.
Quando era pequeno, ficava tempo imaginando como seria minha vida de adulto. Quais seriam os meus hábitos, onde eu iria, como eu seria fisicamente, e se eu seria feliz mesmo. Tinha um conceito muito cru de vida e de felicidade. Com o passar dos anos, parece que as coisas vão se destruindo, ou mesmo perdendo o sentido e a proporção que a gente achava que deveriam ter.
Enfim, é mais ou menos isso. Por óbvio que ficou bem superficial o texto, mas se tentar pegar a essência, dá para entender um pouco disso...Acabei chegando a conclusão de que as coisas nunca foram tão grandes como eu imaginava, mas eu sim, era muito pequeno.
Acho também que a gente nunca se adapta por completo. Nunca.
Ouvindo essa música por acidente, acabei descobrindo que ela muito diz sobre isso...
Não vou me adaptar - Nando Reis.
Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia,
Eu não encho mais a casa de alegria.
Os anos se passaram enquanto eu dormia,
E quem eu queria bem me esquecia.
Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar.
Eu não tenho mais a cara que eu tinha,
No espelho essa cara já não é minha.
Mas é que quando eu me toquei, achei tão estranho,
A minha barba estava desse tamanho.
Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar.

sexta-feira, janeiro 30, 2009

Sentado, fumando e pensando...


Todo mundo sente saudades. Até eu.



"Confesso que estou com saudades de mim há alguns anos."

quinta-feira, janeiro 29, 2009

O Sol de cada manhã


Um filme em especial me chamou atenção nessa semana...

Com o título no Brasil de "O sol de cada manhã"-já digo que não tem nada a ver com o nome do filme no país yankee, que seria algo como "O homem do tempo"-, tendo Nicolas Cage no papel principal. Acho essa cara fantástico!

Mas, para saber sobre isso, só vendo o filme mesmo. Prometo que não vou relatar nada sobre ele e nem mesmo traçar um ponto de vista pessoal sobre o mesmo, como faço neste blog.

Tem uma passagem que eu não consegui parar de pensar sobre ela durante essa semana, no filme, deram o nome com algo parecido com "funeral em vida", que é usualmente feito quando alguma pessoa é acometida de um mal degenerativo, tal como um câncer e tem seus dias de vida contados... Ou seja, seu mundo findar-se-á em meses.

Daí a família do quase-defunto convida as pessoas amigas do sujeito, demais familiares, e fazem uma bela confraternização com o camarada ainda vivo! E sendo que ele participa de tudo, e com gosto. É uma festa em tom de despedida.

É válido. É uma forma de bonita de encarar a morte, ela é inevitável. Quem sofre da doença sabe que não lhe resta muito tempo, portanto, resta passar alguns momentos (in)felizes(?), cercado de quem gosta.
De fato isso já deve acontecer há tempos, mas não com a sobriedade demonstrada no filme.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

Ar moderno


Pensando livremente sobre essa ávida madrugada....Talvez penso que nunca serei o que eu queria ser. Por muitas vezes vendo os outros fico imaginando o que eu, de fato, gostaria de ser. O que, de fato, gostaria de fazer?

Não sei. Sempre penso que a grama do vizinho sempre é mais verde do que a minha. Por vezes isso não me ocorre na mente, mas em algumas vezes hei de confessar que sou assombrado por várias coisas.

Esse que escreve essas linhas, por muitas vezes desconexas, sempre vive um conflito a cada dia, a cada minuto em sua mente. Ele colocou na sua mente que a palavra “fácil” não faz parte do vocabulário adulto. Ao invés dela, colocamos as dúvidas, erros e mais um monte de palavras ambíguas.

Disseram-me que eu tenho uma veia pessimista. Tenho? De fato. O mundo não foi feito para os felizes, o mundo não foi feito para sonhos, o mundo não foi feito para sonhadores. O mundo sempre fez questão de acabar com tudo isso, com todos eles, e com uma simplicidade que me inveja... Como pode?
Essa é uma visão niilista! Nem sempre penso assim, mas no frigir dos ovos, sempre acabo chegando à essa conclusão.

O mundo sempre é, e sempre foi uma caixa de surpresas desagradáveis (em sua maioria), o nosso único dilema reside em saber onde e quando ocorrerá. Não há previsão.

Daí me dizem: Mas, como você pode ser pessimista assim?

E eu respondo: Como posso não sê-lo? Sou um ser humano e vivo na Terra... Eu mereço ser feliz?



Mereço?



Enfim, VOCÊ merece, Sr(a). Maravilha?

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Filosofia grega

É verdade, vivo falando por aí que eu gosto do Epicuro. Mas nunca sequer coloquei alguma coisa sobre o cara no blog. Chegou a hora. Me impressiona na filosofia grega é a capacidade que cada um desses filósofos tinham para materializar (essa palavra não me sai da cabeça!) em palavras alguns pensamentos, que se ficassem somente no pensamento, seriam idiotas. Mas é o exercício da mente. Isso é filosofia.
"O propósito da filosofia para Epicuro era conseguir a alegria, uma vida tranquila caracterizada pela aponia, a ausência de dor e medo, e vivendo cercado de amigos. Ele pensava que a dor e o prazer eram a melhor maneira de medir o que era bom ou ruim, a morte era o fim do corpo e da alma e portanto não deviamos temer os deuses.
A doutrina de Epicuro entende que o sumo bem reside no prazer e, por isso, foi uma doutrina muitas vezes confundida com o hedonismo. O prazer de que fala Epicuro é o prazer do sábio, entendido como quietude da mente e o domínio sobre as emoções e, portanto, sobre si mesmo. É o prazer da justa-medida e não dos excessos. É a própria Natureza que nos informa que o prazer é um bem. Este prazer, no entanto, apenas satisfaz uma necessidade ou aquieta a dor. A Natureza conduz-nos a uma vida simples. O único prazer é o prazer do corpo e o que se chama de prazer do espírito é apenas lembrança dos prazeres do corpo. O mais alto prazer reside no que chamamos de saúde. A função principal da filosofia é libertar o homem."

A la Oscar Wilde

Fiquei com inveja ao vasculhar o blog do amigo João - http://www.brigadefaca.blogspot.com/ e resolvi roubar algumas frases do genial Oscar Wilde, que por sinal sempre está presente nas minhas nefastas idéias, gosto do tom sarcástico e clássico do sujeito, lá vai:

"Quando eu era jovem, pensava que o dinheiro era a coisa mais importante do mundo. Hoje, tenho certeza."

"A melhor maneira de começar uma amizade é com uma boa gargalhada. De terminar com ela, também."

"Ah! Não me diga que concorda comigo! Quando as pessoas concordam comigo, tenho sempre a impressão de que estou errado."

"Cigarros são a forma perfeita de prazer: elegantes e insatisfatórios."

"A coerência é a virtude dos imbecis."

Valeu Jr.!

Palavras, apenas



Divagando mais uma vez, pensando nas trivialidades cotidianas chegamos à algumas conclusões. Pude expô-las, de forma superficial, para alguns amigos que de plano concordaram com minhas ilações.

Vou fazer um sucinto resumo. É que eu tenho visto muita gente querendo demais, ou melhor, falando demais que quer. Tenho notado isso. É muita gente querendo muita gente, é muita gente querendo estudar, é muita gente querendo viajar, é muita gente querendo amar, muita gente querendo fazer planos, muito "querer".

Enfim, não acho que esse povo todo quer alguma coisa. na verdade, o ser humano tem se mostrado um lobo mentiroso, um puta poço de egoísmo. Mente o dia todo, mente para ele mesmo e chega até mesmo a acreditar que quer alguma coisa. Se não for uma mente um pouco sã para alertá-los quanto à isso, acreditam. Pior que acreditam mesmo.

Acabo ouvindo algumas coisas que não consigo digerir. Daí, dependendo da intimidade que tenho com a pessoa logo solto na risca: Pára com isso, você não quer nada! Nada a ver, pára de inventar...

Daí, o interlocutor me diz: -É...é verdade, não é isso que eu quero mesmo não. Nada a ver né...?!

Assim são os mais fáceis. Outros preferem tentar argumentar, em vão, mas acabam chegando à mesma conclusão dos demais. Fato.

Então, minha impaciência está nesse sentido. Não quero ser nenhum messias, nem mesmo quero saber tanto da vida dos outros. É que tudo isso chega aos meus ouvidos, daí posso responder. Será que estou fora disso tudo? Provável que não, ainda sou um ser humano. Vai ver sou tão mentiroso quanto eles, tão inventor quanto eles.

-Acabou! Está tudo terminado! Não quero nunca mais olhar pra tua cara! Chega!

-Chega? Pára com isso! Amanhã você me procura e a gente volta do mesmo jeito, do mesmo jeito!

-Some da minha frente, te odeio. Não sei quanto tempo pude ficar ao seu lado.

-Tá bom, então depois a gente se fala.

32 horas depois...

-Amor, podemos conversar?

-Claro, tava esperando você me ligar...

-É que eu te amo, quero ficar com você! Vamos tentar de novo?

-Como se eu não soubesse...

Enfim, não respeito uma opinião que não se materializa. Mas posso também usá-la. Tenho na minha mente que quem quer tudo, na verdade não quer NADA!

"(...)Palavras apenas

Palavras pequenas

Palavras, momento

Palavras, palavras

Palavras, palavras

Palavras ao vento..." - Cássia Eller.




segunda-feira, janeiro 19, 2009

2+0+0+9 = ?


Os dias são os mesmos, as horas são as mesmas; mas tem que haver uma motivação a mais nesse maldito início de contagem de tempo chamado 2009...

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Em má companhia


Ansiedade!

Caminhei com essa garota ao lado durante logo tempo, por vezes ela teima em fazer companhia, dispensável na verdade, mas teima.

Confesso que ao longo dos anos consegui ter uma relação mais cordial com ela, passei a compreendê-la de uma forma mais ampla, talvez por isso ela tenha me abandonado por um tempo e não teima em me visitar com a frequência de outrora.

Diante disto, o que você faria sem ela?

-Eu sairia e viveria a vida, fico ofegante de pensar!

-Buscaria aquele sorriso sincero que devo ter esquecido em algum lugar...

-Iria encher a cara!

-Seria feliz!

-Faria tudo exatamente igual Erraria tudo exatamente igual.

-Teria uma noite de sono completa.

-Correria atrás dela, pois, sem ela eu não vivo!

-Aprenderia a esperar...

-Teria de volta meus 18 anos.

Ps: As respostas acima são de pessoas diversas que se colocaram diante desta possibilidade.
Caso alguém (algum dos meus 3 ou 4 leitores) tenha e/ou queria se manifestar diante da indagação, por favor, o faça no espaço destinado aos comentários.

sexta-feira, janeiro 09, 2009

Divagações

"Fossemos infinitos
Tudo mudaria
Como somos finitos
Muito permanece."

Bertold Brecht

segunda-feira, janeiro 05, 2009

The Grudge - Munch


Tomei a liberdade de intitular o post, mas, na verdade, não tenho autonomia para tanto. Portanto vou logo dizendo que o que está logo nas linhas abaixo é dela, Estrella...

"Tenho um grito preso dentro da garganta,
dentro da goela , bem fundo!
Ele sai, parrudo, vivaz, imponente, ALTO...
Resiste aos primeiros milésimos de segundo, onde peitar revolucionariamente parece o máximo!
Mas morre...
Esse surto de coragem acaba no instante em que escuta:
Você é só mais um!



Então.. o que é fazer a diferença?"

Então me diga, Estrella, que diferença faz ser apenas mais um deles, deles...?

Um pouco de arte-pop



Vasculhando o conteúdo da internet, acabo por encontrar algo sobre Andy Warhol, um artista maluco que teve seu auge no final dos anos 70, início dos anos 80. Achei a ideologia do camarada bem interessante e original, posto que andava sempre com os lixos que sobraram da cultura auto-destrutiva do punk. Da qual sou fã.

Após ler um livro que retrata todo esse cenário nefasto, pude também ver um filme que narra a história de uma garota chamada Edie Sedgwick (a linda Siena Miller), amiga de Andy, e sobre o dia a dia na The Factory, era o local de onde todas as produções malucas de Andy brotavam. Gosto de arte incomum, apesar desta ser pop.

Assim, aproveitando o ensejo do lançamento de um livro sobre Warhol – A filosofia de Andy Warhol – de A a B e de volta ao A - , resolvi extrair alguns trechos interessantes para demonstrar um pouco dele.


“Antes de atirarem em mim, eu sempre achei que estava mais metade lá do que inteiro lá – sempre desconfiei que estava assistindo à televisão em vez de viver a vida. As pessoas às vezes dizem que o jeito como as coisas acontecem nos filmes é irreal, mas na verdade o jeito como as coisas acontecem com você na vida é que é irreal. O cinema faz emoções parecerem tão fortes e reais, enquanto as coisas que realmente acontecem com você são como assistir à televisão – você não sente nada.”

“(...) Durante a era hippie, as pessoas desprezavam a idéia de negócios – diziam 'dinheiro é ruim' e 'trabalhar é ruim', mas ganhar dinheiro é uma arte e trabalhar é arte e bons negócios são a melhor arte.”

“Gosto de dinheiro na parede. Digamos que você fosse comprar uma pintura de 200 mil dólares. Acho que você deveria pegar esse dinheiro, amarrar e pendurar na parede. Aí, quando alguém visitar você, a primeira coisa que essa pessoa vai ver é o dinheiro na parede”