quinta-feira, dezembro 30, 2010

O hino (final) do ano de 2010


Poxa, mas tem tanta vez na minha vida que me bate uma vontade maluca de chorar. Chorar muito, até me secar, tirar toda água do meu corpo sob a forma de lágrimas.

Mas também me bate uma vontade maluca de sorrir também. Essa dicotomia muito maluca vive em mim, e quando eu falo que eu oscilo muito o pessoal não dá muito valor, na verdade, talvez nem deva ser pelo fato de “eu oscilar muito”, mas pelo simples fato de não ser um papo muito interessante, né? Convenhamos.

Há alguns posts eu havia dito que não me considerava a melhor companhia do mundo e algumas pessoas me disseram que eu era um cara bacana sim. Poxa, fico feliz, não é? É legal saber que tem gente que te acha interessante e que acha que as suas ideias e pensamentos podem virar alguma coisa de útil no meio de tanta futilidade (pasmem, não só minha futilidade. Aliás, sou fútil?).

Eu tenho achado muito legal todo o apoio que a maioria dos meus próximos tem me dado nesse meu plano de mudança de vida. Não vou negar de forma alguma que isso tudo tem sido um choque para mim, olhar quanta coisa eu perdi, quanta coisa eu deixei de ter e quanta coisa eu deveria e não deveria ter feito comigo e com os outros, mesmo por pensamentos, atos e omissões.

Tive bons momentos que foram por mim mesmo depreciados e não aproveitados. Sei lá, estou mesmo é tentando tirar algum proveito disso, mas o bom mesmo é saber que existem pessoas do meu lado. É confortante.

Tenho andado estranho nesses últimos dias do ano, aliás, desde que decidi dar um pé na bunda do meu trampo eu tenho estado estranho. É tudo muito novo pra mim, os quase TRINTA anos chegam carregando malas do passado, coisas que eu queria deixar para trás, mas eles fazem questão de retornarem pegando carona nos anos advindos. Malditas malas, sequer para serem extraviadas em qualquer parte do quinto dos infernos...

Sabe? Tem horas que eu simplesmente não queria e não quero. Não me pergunte o que, mas eu não queria. E tem horas também que eu queria e quero tudo. Parece existir dois desses caras, um tudo quer, outro nada quer.

Prognóstico?

Ache seu ponto de equilíbrio, meu chapa, ache e tente ter mais momentos de felicidade.

Bom 2011 para mim, para você que gosta de mim de verdade, para você que gosta de mim de mentirinha, para você que se preocupa comigo e para você que finge que se preocupa comigo; enfim, e para todo mundo que eu odeio e me odeia também.

2011 ROCKS!

*Uma das músicas mais bonitas que eu já tive o privilégio de ouvir, de um dos artistas que eu mais admiro.

terça-feira, dezembro 21, 2010

*Vem dar valor ao que é bom nessa vida!





Tudo mudou
O que foi que aconteceu
que de repente acordamos nesses dias?
Ainda posso sentir o sabor
do que a gente perdeu.
E ainda penso em você, acredita?

Vem dar valor ao que é bom nessa vida
que é tolice viver por viver,
e já é dia de deixar pra trás a dor e o "tanto faz".
É cedo ainda.

Fomos tolos e egoístas pra crescer.
Crescer sem alegria.

Dizer "pra sempre" é bem menos
do que sentir na carne querer de verdade
E tem coisas que não vão sumir, você sabe
Tem um lugar em mim que é só teu
e nada vai mudar porque é meu.
Mesmo que a gente deixe errado
a que a gente escolheu.


*O título da música não é esse, a banda é o Dance of Days e o palpite é meu! Então:VEM DAR VALOR AO QUE É BOM NESSA VIDA!


***

"(....)Hoje na lua é festa
e podemos ver a dança
dos dragões embriagados.
Olha pela janela, tem tanta tristeza aqui
que eu só quero um abraço. (....)"


...Vem dançar, a dança das estações....


sábado, dezembro 11, 2010

Pra fechar o ano SEM classe!


E estou eu aqui pensando sobre uma frase que vi pelos cafundós da internet que dizia “se a gente deixar de viver não vai dar tempo de sorrir ”, porra, fico imaginando umas coisas assim. Aliás, tenho tomando algumas decisões importantes na minha vida e que irão, fatalmente, refletir nos anos seguintes. Veremos.

A grande verdade é que nunca sabemos quando é o certo e quando é o errado, fato é que existe uma conduta que está nas linhas do costume e é tida como certa para muita gente. Na verdade, a gente vai crescendo e amadurecendo um monte de idéias na cabeça e tem argumento de sobra para combater o senso comum. Por vezes eu me sinto protegido pelo meu alter ego.

Quem ou o que seria meu alter ego? Aí que mora toda a (des) graça da história. É ele quem me estimula a fazer as coisas que fogem ao padrão de toda a normalidade, a realizar algumas condutas que não as esperadas pela sociedade num todo.

Tenho que confessar que morro de medo de me tornar um típico “bermudão”! Eu mesmo quem criei essa expressão, e esse é o típico cara que arruma uma namorada, noiva, esposa, companheira e se deixar levar, perdendo até mesmo a personalidade - vide senso de ridículo.

Oh man! Eu não me imagino vestindo uma bermudinha clara de brim, comprada numa dessas lojas de departamento, junto com uma camisa azul marinho com uma âncora e os dizeres “Marine Sea Adventures”; e ainda, com um chinelo novinho em folha que só é usando nos fins de semana, haja vista a dura vida do trabalho que lhe permite andar somente de sapatos, e ao chegar em casa é um banho e cama. Costumo a chamar isso de visual "peidorreiro"!

Cara, esse camarada tem tanta coisa para se fazer contra a vontade, e ainda por cima levar o rótulo de que “fulano de tal é muito trabalhador”, “fulano de tal é bonzinho demais”, “ele é muito engraçadinho”, “gente, olha como ele leva jeito com as criancinhas”, “gente, ele é a reencarnação de Jesus Cristo”! hahhahaha. Me cago de rir!

Porra, não dá!

Como sempre disse na minha casa, não nasci para ser exemplo e estou longe disso, o que eu quero é levar uma vida justa comigo mesmo e com quem está ao meu lado, e é claro que está ao meu lado foi porque eu escolhi e assim prezo muito a companhia, respeito muito.

Agora, ter que servir de exemplo moral para a Sociedade & Família,
sorry guys!

Eu gosto da vida assim, e tenho achado que o povo todo anda levando a vida a sério demais, mas demais mesmo, acho que andam levando as pessoas a sério demais. Eu, sinceramente, não gosto disso. Sempre prezo pelo respeito, sempre, mas essa coisa toda de levar a vida tão a sério não é comigo.

Por vezes, nem eu mesmo me levo a sério, me perco dentro de mim mesmo e lá faço uma tempestade danada, cheia de dúvidas e acasos que vão sumindo de acordo com minha linha de raciocínio que leva algum tempo para se assentar à realidade.

Bom, é um pouco de mim nos últimos anos. Mudanças? Não sei. Também não sei se as quero.

quarta-feira, novembro 10, 2010

Mas eu só quero evitar, eu só quero evitar

Um cigarro pra fumar, muita droga a consumir pode ser assim que é mesmo o fim.
Um lugar pra descansar, meia vida a percorrer e isso é tão normal...
Um dia pra se levantar e os demais para deitar, deitar, sonhar viver e esquecer, tudo assim muito pouco entusiasta e vil.
Um vício a mais não vai mais me prejudicar e eu quero me virar e livrar para ter o meu lugar.
Muita gente para falar, pouca gente para ouvir, sentir, gritar e responder é assim o mundo, é o que se vê.
O que não pode ajustar, tem muita gente que vai saber, basta olhar e sem querer dizer que é um mal!
Muita gente a transpirar, lutar e sangrar; pouco ar para sugar, é assim, tudo escasso e indivisível.
Pra que parar de perguntar, pra que parar de imaginar se há tanta gente que faz com os braços tanto faz.
É uma noite no litoral, praia deserta e a luz neblina o luar.
Um velho bar para beber, as coisas não querem desaparecer.
Mal, isso é mal!
Isso é o vício de não querer.
Agora vamos procurar um lugar para voltar ao amanhecer.
Sempre que me sufoco assim é porque queria algo além.
Não queria parar de respirar.
Só queria...

sexta-feira, novembro 05, 2010

Vida singela e infinita


Desde que me dediquei a tentar cuidar um pouco mais de mim, tenho notado alguns avanços. Tenho que dizer isso. É que resolvi mesmo ser o senhor da minha vida, mesmo tomando essa decisão com quase trinta anos nas costas. Na verdade, tenho resolvido muitas coisas nos últimos dias, coisas de planejamento mesmo, sabe? Metas, tentar focar mais em alguma coisa de fato concreta e quase conquistada.


Eu precisava de verdade fincar meus pés no chão, eu estava pirando dentro da minha cabeça. Cada hora correndo para um lado e a verdade é que tenho/tinha que dar um basta bem grande nisso. Chego até a ter momentos em que tudo parece muito calmo e sereno e por vezes isso me assusta pra c... Agora, dizer que eu vou ser assim para sempre e que vou querer isso para sempre? Não sei, ainda não estou apto à responder. A grande verdade é que ser calmo não tem muito a ver comigo, por mais que quem já me viu, quem me conhece pensa que eu sou uma pessoa tranquila... Intrinsecamente não.


Andei lendo bastante e já até me falaram que eu quero mesmo é morrer mantendo todas as possibilidades em aberto, e com isso, a verdadeira tendência é que eu acabe sem ter nada. O pior é que faz sentido.


Tenho pensado em coisas demais, e vejo como as pessoas se levam a sério demais, e ficam nessa desconfiança sem fim, fazendo arquétipos e coisas do gênero... Acredito mesmo é que a maioria das pessoas se dá valor demais e se esquece que o importante mesmo é cada um viver sua vida e estar bem. Um receita mais simples do que a gente imagina mas de uma dificuldade enorme para ser entendida e vivida na prática.

Tenho tentado ter menos raiva, tenho tentado olhar mais para as coisas ao meu redor, enfim, acredite, eu tenho tentado...

quarta-feira, outubro 20, 2010

Eu falo sério, mais uma conclusão periódica

E consigo sair do meu castelo, me puxo para cima, levantando os olhos de uma forma tão serene e hostil, quanto o silêncio do impacto da bomba nuclear naquela cidade japonesa, numa pacata manhã.

Sigo meu caminho, ou será que seria esse caminho quem me segue? Ando, penso, por vezes duvido da minha existência, mas sei que tudo que existe em volta é, de fato real, e pode me matar.
Meus hematomas vão ficando cada vez mais latentes, os ossos doem, a cabeça começa a falhar com certa constância. Parece que estou morto, morto e tão feliz.

Acendo mais um cigarro de estopim, mais uma dobra nas mangas da minha camiseta já bem velha e desgastada, além de vivida também. o Calor está de matar. parece que estive numa briga. Aliás, eu estou numa briga, numa eterna briga com a vida. Na verdade, bem no fundo da verdade, esses hematomas são meus amigos.

Minha calça já velha, junto com minha alma suja caminham. Me lembro de jogos do Atari, onde eu controlava o camaradinha. Por vezes me sinto assim, e sempre que me lembro, faço questão de fazer de tudo bem diferente. Não quero aceitar isso. A verdade é que eu nem sei como esse corpo caminha, mas caminha.

Chego a pensar que sou um eterno devorador de solidão, e de solidão em solidão vou completando a minha. Eu tento, eu penso e por vezes eu costumo agir.

quinta-feira, outubro 07, 2010

Em mais um conto para Caronte

Totalmente pálido e com um corpo cansado após travar sua batalha contra a nebulosa, decidiu que não mais iria se levantar da cama. Com a carne ardendo e os ossos se comprimindo tinha a total certeza que na cama do seu quarto seria o melhor lugar, mais seguro. Imune a qualquer coisa. Não havia nenhum motivo para sair daquele lugar tão aconchegante. E são seis horas, nove horas, três horas, tudo bem. Apesar de não ter nenhuma ideia das horas.

A total escuridão do quarto o fazia acreditar que nada além dele existia ali e conseguia dispersar os pensamentos que lhe faziam sofrer. A verdade é que passou a odiar lembranças, queria poder apagar seus momentos ridículos da memória para que nunca mais viessem à tona nos momentos mais indesejáveis.

Mesmo sem ter ideia das horas, sabia que era madrugada pelo silêncio de tudo. Porque será que ele nunca conseguia simplesmente colocar a maldita cabeça no travesseiro e desligar? Ele se martirizava pensando em seus fracassos, fazendo uma lista das pessoas que se cansaram dele, reencontrava experiências e via que seus erros se repetiam com soberana frequência, tudo isso o fazia chorar. Daí é a hora de todo mundo dizer que ele se tornara um fraco, é verdade.

O mundo e suas criaturas se tornaram complexos demais para ele, se encontrava preso no espelho por longo tempo que nem sabia ao certo se eram cem anos, seis meses, três dias, tudo bem, tanto faz.E via aquele monstro escovando suas três fileiras de dentes. Morria de medo de viver com as outras pessoas, pensando que elas sim seriam uma ameaça para a sua felicidade... Foi se afastando de todos aqueles que tinham um tipo de carinho por ele. Mal sabia que sequer havia uma felicidade a ser estragada e que tudo isso seria apenas uma metáfora da sua vida em diante.

Pensando em não querer mais estar lá, por qualquer motivo para se levantar se lembrava que os seus castelos já foram destruídos.
Chorou mais uma vez.

Acabou descobrindo que precisava mais do que escuridão e um quarto para fingir ser feliz, mas era um pouco tarde para que as coisas pudessem ser diferentes, havia deixado muita coisa para trás e agora nem São Jorge vai lhe proteger.

Tinha que ter aprendido a viver no universo real. Simples, extremamente simples, fácil e didático se a vida não fosse a vida.

*Caronte (em grego, Χάρων — o brilho) era uma figura mitológica do mundo inferior grego (o Hades) que transportava os recém-mortos na sua barca através do rio Aqueronte até o local no Hades que lhes era destinado.
Era costume grego colocar uma moeda, chamada óbolo, sob a língua do cadáver, para pagar Caronte pela viagem. Se a alma não pudesse pagar ficaria forçosamente na margem do Aqueronte para toda a eternidade, e os gregos temiam que pudesse regressar para perturbar os vivos.

quarta-feira, setembro 29, 2010

Náufrago com o corpo cansado

Fico pensando sobre umas coisas que acabam fazendo parte do meu cotidiano, e posso dizer que vejo muito bem as coisas e bem de perto, face to face. Não vejo só pela televisão, jornal e/ou revista, internet e o escambau. Tenho visto a condição de miserabilidade e total desgraça vital em que muitos se encontram, posso sentir isso, o cheiro e os sons dessa condição. É incrível que, mesmo diante de uma lógica cartesiana posso afirmar que elas não tem chance de conseguir sobressair. O milagre não será operado. Mas ainda assim insistem em buscar algo confortável e não desistem de lutar, mesmo quando tudo está totalmente perdido.

Não gosto quando me dizem que eu não conheço o desespero e a desgraça, pois eu conheço sim.

Eu queria mesmo era ter respostas para o tanto de situações em que me atiro e divago, ser um pouco mais como as outras pessoas que conseguem achar tudo tão legal e florido. Pensando mais a fundo, parece que tudo que fez tanto sentido para mim noutras oportunidades, agora não parece mais ser tão certo. E tudo novamente fica estranho, até os sabores me enganam.

E do nada eu novamente me sinto como um micro organismo diante de um mar em tempestade, como se aguardasse que o mundo fosse me pegar e me levar na enxurrada, forçando mesmo a reconstruir a vida. É difícil saber que de tempos em tempos isso acontece, e mais difícil ainda é saber que tudo isso tem sido mais frequente e presente na minha vida, e de tempos em tempos "i can't get no satisfaction"...
É a minha angústia, em forma de um nó na garganta. Complicado é pensar que meus problemas não são com as outras pessoas, na verdade não são mesmo. Antes fossem com as outras, pior de tudo é ter problemas com você mesmo e sabendo de todas as suas armas, artifícios e subterfúgios utilizados por mim mesmo. Isso tudo me cansa muito.

E o relógio continua com sua batida onipresente, forte, incessante e cínica.

"Náufrago com o corpo cansado
no breu aguardo a tempestade
decidir se me atira outra vez as tuas praias
ou se enfim me leva às rochas
pra descansar.

(...)

E é tudo tão impossível
que ateamos fogo nos remos."

sexta-feira, setembro 17, 2010

Esse não é mais um conto charmoso


Em alguma capital brasileira, em algum dia perdido no espaço e no tempo dos anos 2000.

Me peguei caminhando pelo centro, bem pela manhã. Com um desequilíbrio soberano no peito, falando coisas sozinho, muitas frases soltas e sem nenhum sentido.

Penso que algumas pessoas tem a casa da mãe, uma mulher para ter que voltar para ela, um animal de estimação chato para poder dar o que comer. Mas naquele dia me parecia que eu não tinha nada disso.

Vejo um cabeludo, com uma certa idade, trajando uma camisa de alguma loja de departamentos, bêbado e bastante sujo. Ele se levanta e começa a caminhar sem rumo.

Por fim, acabo atravessando a rua e compro uma cerveja, olho de novo para o cabeludo e mudo de ideia. Compro logo duas cervejas! Dou logo uma para o cara e ele me diz: “Porra, cara...”. E ficou a parado sem reação.

Tomou-me a cerveja como se fosse uma barra de ouro, recheada de diamantes. Me mandou um sorriso, daí segui meu rumo.

Desta vez tinha um rumo interessante! Fiquei totalmente animado em fazer algo excitante naquela noite de um dia que já armava uma chuva.

Cheguei em casa e pude ver da janela todo o povo correndo da chuva, muita gente assustada, como se visse a chuva pela primeira vez... E fico pensando, que mal tem em se molhar? O que seria isso perto de seus grandes problemas? Molhar. Que coisa triste, não? Pra que essa correria? Pra onde?

Fui em passos largos para o velho Jack. Já pensei nele descendo por minha garganta e queimando tudo por dentro. E que ele lave, desinfete e foda com tudo mais que estiver precisando ser eliminado de lá.

Daí em diante eu vou dormir, me repousar um pouco e eu sei que logo pela manhã do dia seguinte eu vou acordar e saber que o velho Jack me ajudou em mais uma missão completa, me ajudou à tirar tudo de mim, tudo que ferrava e fedia por dentro.

Tomo um banho e dou adeus à angústia. Até a próxima vez.

quarta-feira, setembro 08, 2010

Xeque-Mate


Muita gente já me condenou pelo meu jeito de levar a vida. Aliás, tentaram a minha condenação, em vão. Na verdade, eu acredito que o meu jeito de vida e um pouco do meu estilo tem muito a ver com o a atitude rock n' roll mesmo.

Ao ouvir as diversas formas de guitarra, distorção, o som da bateria batendo forte, o compasso do baixo e um vocal que se encaixa muito bem nesse conjunto ou até mesmo aquele que não se encaixa, mas me faz sentir bem, tocando exatamente o que você precisa em determinado momento, quando mais você precisa se sentir vivo.

Depois de algum tempo, cultivei em minhas veias o espírito de tocar o foda-se e pronto. Sempre quando faço isso, me vem à mente de que não vai me levar a morte, daí sou tomado por um torpor tão orgástico que me faz sorrir de forma muito maliciosa! Enfim, sou genioso pra c... Sou do tipo que começa a se coçar todo e ter dor de barriga de raiva, e como, começo a suar frio e a minha boca seca por inteiro. Mordo os dentes, o dedo e bagunço o cabelo. Eu Piro!

É algo do tipo em passar uma pressão violenta no trabalho e sair por aí sem se importar, e se for para a rua, melhor ainda! Ser irresponsável uma, duas ou quantas vezes for necessário, comprar uma briga, ou simplesmente desaparecer do mundo alheio.

Isso tudo é inevitável, eu detesto muito fazer algo que não quero, pode ser por isso que muitas coisas aconteceram ou não aconteceram na minha vida. Muita coisa do que eu tenho vontade de fazer, eu simplesmente faço, sem pedir permissão para ninguém. Acho que isso tem muito a ver com o que se foi criado dentro de mim, e como disse, é tudo isso muito orgástico!


Gosto de ver a cara de espanto de alguns! O que eu não tolero mesmo é o tal do moralismo mirim, é ver nego com complexo de “assistente social” que quer ajudar todo mundo e blá blá blá... Me cansa muito.

Um exemplo fácil é de nego que na época do colegial que vivia agarrado com as mocinhas, e essas mocinhas namoravam os outros caras, mas nego insistia em ficar colado nelas, pagando de anjinho e de consolador para as garotinhas que perdem os namorados! Quanta bobeira! Esquecem que as garotinhas sempre gostam dos anjinhos sim, mas acordam mesmo é com os demônios!

Mas alguém pergunta, o que isso tudo tem a ver com Rock n' Roll?

Xeque-mate!

quinta-feira, setembro 02, 2010

Excretos

É impressionante como foi custoso e doloroso escrever o post anterior, que acabou por sair de forma incidental e nada programada. Na verdade havia muito tempo que não me deixava dominar pelas palavras ao invés de fazer o contrário.

Como bem relato no começo, era para ser a despedida de agosto, que tenho por mim como o mês do desgosto. Enfim, ele acaba, e dele eu saio vivo e todos à minha volta que eu gosto também estão ilesos. Incrível isso! Por um momento eu pensei que isso não iria acontecer! Maldito senso de humor sem senso algum.

É que na verdade eu não consegui ficar inerte diante de alguns cometários sobre o que eu havia escrito ontem. A grande verdade é que eu gosto que comentem os posts, todo mundo que tem um blog guarda para si um “q” de egocentrismo, daí a causa disso.

Mas vamos lá, voltando ao ponto.

Eu queria demonstrar que todo mundo tem o seu inferno. E o meu e o de mais de um monte de gente oscilava entre aquilo lá que está descrito. Tenho também o entendimento de que ninguém gosta de se relacionar com gente que só fala mal das coisas, ainda mais quando essas coisas estão empolgando a sua vida no momento e coisa e tal.

É serio! Por vezes pensei que meus amigos tinham que fazer um curso para aprenderem à conviver comigo, esse mutante instável.

Não é nada agradável, mas não se pode condenar também. Pois bem, quando dizem que essa visão é muito niilista, digo que sim, de fato o é. Contudo, é apenas mais uma realidade sobre um ponto de vista que outras pessoas enxergam, antagonicamente ao modo em que tem gente que vê passarinho azul em tumba de cemitério...

Fico pensando que essa coisa de fazer tipo não está com nada. O meu medo é de pensar que o blog é de alguém que quer fazer tipo ou pose. Eu não faço tipo nenhum e muito menos pose, e não tenho mais idade para fazer pose de nada também. Eu simplesmente quero mais é que se foda. Tudo.

Agora, se eu sempre fui assim, ou se eu não era assim, foda-se! Cresci, mudei, vi, vivi. E digo mais, pretendo mudar ainda mais na minha vida, não sou burro de mudar por fora e não mudar por dentro só para dizer que sou fiel a coisa e tal. Sou também cheio de contradições e pretendo ainda ter muito mais antes de morrer!

"E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti" Friedrich Nietzsche.

segunda-feira, agosto 30, 2010

Tão Garcia Márquez feito um personagem de Cem Anos de Solidão


Para acabar com (des)agosto, segue o seco:

Nesse mundo de caos e coisas do mesmo gênero, existem pessoas que não são aquelas que a maioria está acostumada a encontrar por aí (e muito menos fazem questão de encontrá-las), existe sim um lado mais escuro e que faz com que essas pessoas não sejam a melhor companhia para um dedo de prosa ou coisa que o valha, ou não.

Nada mais é do que um lado da vida que muita gente quer fugir, fugindo, corrobora para que se construa com muito mais avidez esse lado das pessoas renegadas e deixadas em seu exílio.

Muito embora possam dizer que a cura é individual, eu realmente não sei o que dizer a não ser os inúteis clichês ditos em momentos como esse. De certo, se o digo, o digo com propriedade, vez ou outra sou atormentado por isso. Deve ser essa a minha sina, todo mundo tem a sua sina, uns escondem bem, outros não e já outros não fazem questão nenhuma de esconder, mesmo porque seria ignóbil.

Participo, assim como participava há alguns anos de um fórum de discussão sobre esse tema. Compreendo pela vida, pelo contato, pelo sentir o que se passa. A sensação de impotência diante de tanta coisa.

Tudo bem, não é o assunto mais legal, não incluem as pessoas mais legais, alegres e tudo mais. Eu acho isso muito mais orgânico, nesse mundo de plasticidade, é muito mais orgânico.

É interessante falar também sobre o desencanto que se instala sobre a pessoa, quando machucamos, tentamos prosseguir e certamente não conseguimos ser mais da mesma forma que éramos e nem mesmo acreditar na mesmas coisas e nas pessoas, tal como era antes. As estórias já não te encantam mais.

Assim, lendo, resolvi colocar alguns depoimentos para poder ilustrar mais sobre o que foi descrito, tendo como partida um questionamento sobre o que te deixa infeliz. Qual é teu problema?

"a fobia social é meu maior problema e a principal causa de todas as minhas tristezas. não aguento mais ser tão ansioso e ficar tão angustiado para fazer simples tarefas. tremo diante de situações banais. até para sair na porta de casa fico ansioso. a fobia social liquidou minha vida. sempre fui alguém muito triste e com um fardo muito pesado para carregar. a fobia social é o que me deixa mais deprimido." Sic.

"Comparações com outras pessoas, ficar pensando mt sobre mim mesma (procuro ñ pensar mt), encontrar conhecidos (atuais e antigos)...parece uma autocobrança constante...o pior é sentir-se travada para sair do lugar...." Sic.

"rotina, tédio, fobia social, angústias, depressão, ter quase 30 anos e ainda ser um fracassado, as sujeiras do mundo, os buracos que existem em minha casa, o chão do meu quarto que está afundando, a porra do "jornal hoje" a que meus pais assistem no almoço, domingo no parque, corinthians, flamengo, cbf, basquete, vôlei, fórmula um, a rua onde moro, as dores que sinto etc." Sic.

"Lembranças me deixam profundamente deprimido. Acho que vou carregar isso para o resto da minha vida." Sic.

"Eu não sei cara,
Todo mundo é tão feliz, todo mundo é tão legal, sabem conversar,
tem seus amigos, suas histórias...
Mas eu não tenho nada, sou feio, chato, ignorante, e matei aula hoje
por não suportar entrar naquela sala com minha turma..." Sic.

"O que me deixa mais deprimido é ter que viver em sociedade e me adequar a essa vidinha miserável de hipocrisia que todos levam, é ter que dispor de mais 90% da minha personalidade para não ser jugado como esquisito e estereotipado (e nem assim adianta) tenho que ficar dando sorrisinhos imbecís quando na verdade o que eu queria mesmo era sumir... " Sic.

"futebol, carnaval, novelas, domingão do faustão, gugu, programas de auditório, babaquices, parques cheios de gente jogando frescobol, rodas de chimarrão, baladas, escolas, campeonatos, telejornais, supermercados, ctgs, festa da uva, semana farroupilha, concursos de beleza, festa do peão, centenário do corinthians, seleção brasileira, sete de setembro, tropa de elite, todas essas merdas me deprimem." Sic.

"Pensar no meu passado e nas MILHARES de oportunidades perdidas. Pensar no meu namoro e fazer uma comparação do q ele poderia ser e oq ele é.. e olhar pra minha namorada me tratando com frieza por causa de ciume, sendo q eu nunca dei motivos nem ao menos pra ela desconfiar de mim..Falta de dinheiro e falta de esperança de conseguir ganhar dinheiro. sensação de q todas as portas estão fechadas pra mim. Pensar nas poucas amizades q eu ja tive e q desapareceram da minha vida,, pensar q eu não sou compatível com nenhuma das pessoas com as quais eu cresci.. e as vezes pensar q eu não sou compatível com ninguem!
Sentir q minha saúde não é mais a mesma de antes." Sic.

"Minha vida, e tudo o que fiz dela" Sic.


sexta-feira, agosto 20, 2010

Conto de quem regressa


E do nada a cidade se tornou muito fria, agora sim se parecia com a sua favorita Londres antiga, de meados de 1900, talvez até mesmo Escócia. De fato, ele gosta do Reino Unido. Acabou por deixá-lo gélido por completo também, junto com isso aquele sentimento de ausência, e tinha uma quase certeza de que começar o dia seria a coisa mais difícil dos últimos anos. Todo aquele silêncio ao seu lado, todos os passos e sons viravam ecos pelas casa.

O quarto? Esse ainda estava escuro. Somente com aquela escuridão seria capaz de preencher o tamanho do vazio que se instalou naquela armação de concreto. Ele sabia que era necessário preparar o café da manhã e que poderia até mesmo comer na cozinha, assim seria uma saída para não ter que deparar com mais uma cadeira vazia à sua frente, nem mesmo duas toalhas de mesa, e seguindo com as duas escovas de dente, o par de toalhas e mais tudo que estava em formato dúbio.

Daí em diante ele começou a imaginar que ele se dividia em duas partes: uma, insistente e querendo a volta dela. Enquanto a outra, com mais racionalidade, desejava nunca na vida ter tê-la visto, ou se já tivesse visto que nunca tenha a tido aqui. Mas com você foi diferente, vida que segue como deve ser. Ele descobriu que precisava mesmo acordar, começando tudo bem devagar, voltando para ele mesmo.

Ele acabara de voltar a ser o mesmo de sempre. Num momento de fúria, parecia que aquela sua carótida pulsava e que mais cedo ou mais tarde uma de suas artérias fumadas iria explodir. Tudo isso em função de como havia ajudado a construir essa situação e de como não ajudou a resolver. A culpa vai necrosando e por mais que ainda tenha alguma ilusão, esta já está se gangrenando. Vai curar? Vou eu sobreviver? - Pensou ele.

Daí começou a sentir que o verão não chegará e que se estacionará no outono por um bom tempo, talvez para sempre.

quarta-feira, agosto 11, 2010

Crônicas de um jovem psicopata mineiro

-Você já matou algum homossexual, cara?

-Ainda não cara... Mas to por um fio...

-Hum...e algum negro? Nordestino?

-Não! Não! Esses são de boa!

-(...)

-Não gosto de cara metido a roqueiro não... Nego que acha que curte um rock and roll!

-E o que é de boa então? Matar negros e nordestinos? E você, já matou algum roqueiro?

-(...)

-Conte-me sobre seus crimes, filho...

-Roqueiro é safado, cara... Nordestino e negro eu respeito. Mas cara que fala que é roqueiro só pra encantar as menininhas é foda... Fico puto!

-Entendi...

-(...)

-E me diz, quem faz isso?

-Uns plays ai né cara...Você já deve ter visto...

-Mas me dê uns exemplos para eu montar um perfil na minha cabeça. Algo do tipo... Quais lugares eles frequentam? O que eles ouvem? O que eles vestem? O que eles comem?

-Pois bem, geralmente são jovens... Possuem algumas divergências em casa com os pais, vestem-se de preto, acabam não preocupando com a vaidade, comem quase nada... E gostam é de beber o dia todo.

-Hummm...

-Estão por ai... Em quase todos os guetos das cidades grandes.

-Entendi... Onde posso encontrá-los aqui na capital?

Sem titubear ele responde:

-Rua FL, MA também... Mas se quiser vários, Praça da Savassi sábado a noite!

-Não, cara... Eu conheço esses dois aí.. São roqueiros das antigas, já passaram por essa fase de usar preto, beber vinho, vomitar... Aliás, eles nunca foram de usar preto...

-(...)

-Eles passaram pela crise da adolescência, foram a vanguarda de um movimento importantíssimo em 1999... Eu conheço muito os dois...

E continua:

-Eles não são deses tipo aí que vc tá falando... procure saber primeiro antes de usar sua metralhadora!

Após uma pequena pausa:

-Mas, continuando o assunto, você gosta de matar tipos como eles? É isso?

-Emotions care também. Conhece?

-O que? Emotions care?

-Os emos, cara...Esse sim são piores do que os rockers. -E você já matou algum ??

-Ainda não... Saca só, eu sou um killer iniciante... Ando lendo algumas coisas, alguns manuais.

-Putz...

E ele se espanta:

-AINDA?

-É, uai... Temos que correr atrás do que queremos não é? Em busca dos sonhos. Comprei bons livros!


-E eu fiz isso que você está fazendo agora quando eu tinha 12 pra 13 anos...E mais, enquanto você andava de bicicleta eu lia esse tipo de livro... Enquanto você andava de rolimã eu lia, cara... Enquanto você dormia, eu matava, cara!


Ps: Peço a devida vênia aos interlocutores desse diálogo para publicá-lo aqui, desta forma, apenas ratifico que esas conversa, de fato, aconteceu. Por óbvio, com alguns requintes a mais feitos por este que vos escreve...
Ademais, nomes de todas as espécies serão mantidos em sigilo.

quinta-feira, julho 29, 2010

O tempo, é a substância de que sou feito


Atravessando a rua em puro estado de estresse e ansiedade me veio na cabeça algumas ideias sobre a existência humana, e diga-se, a triste existência humana. Numa caminhada de menos de 100 metros num típico dia de trabalho pode envolver muita coisa na sua mente, tal como ocorreu hoje. Aliás, ocorre sempre a todo momento, momento fracionado.

Será que alguém pode entender o que é ter uma crise de ansiedade e pânico ao atravessar a rua com o o semáforo do homenzinho verde liberando sua passagem de pedestre e ficar com o olhar hipnótico para ele, com medo de não ficar vermelho da cor de sangue? Ao lado as motos já estão ensaiando a arrancada, nos carros, os motoristas já estão prontos para passar por cima. Foda-se.

Tecnicamente o fim de semana conta com 48 horas, as tradicionais horas do sábado e domingo. Temos de segunda à sexta 120 horas para ficarmos bem estressados com trabalho, cobrança, relacionamentos, pagamentos, deveres e condutas. Contudo, fiz um cálculo mais prático e sóbrio sobre isso. Vamos começar pelo fim de semana que na prática inicia-se às 19h da sexta feira, que é a hora em que chegamos em casa ou algum outro lugar que não esteja relacionado ao trabalho, certamente a mente leva algum tempo para se desligar do estresse (se é que se desliga por inteiro), mas já estamos por nossa conta. Okay. É válido.

Em diante temos todo o sábado para abstrair trabalho, claro, salvo as exceções de trabalhos extras que costumam surgir; daí caímos para o domingo, que podemos ter como nosso até às 19h, quando escutamos o gordo maldito encerrando o programa que dura a tarde toda e vemos o dia indo embora com um solene adeus, e com o dedo do meio em riste para nós. Depois, escutamos a vinheta do Fantástico com aquele tanto de coisa chata na programação já começa a depressão pré-segunda feira. Os assuntos e os fantasmas da semana voltam a nos assombrar, é necessário se preparar, arrumar as coisas, colocar ordem na agenda e lembrar dos compromissos árduos da semana, enfim, é a semana já começando com seu habitual peso em pleno FIM DE SEMANA!

E onde eu quero chegar com isso tudo? Simples. Pelas contas que eu fiz, nós passamos durante a semana suportando uma tensão braba, e temos em troca muito pouco tempo para aliviá-la. Não sei, mas a vida tem ficado difícil de ser vivida. Todo mundo sabe que tem um monte de lugar bonito para ir, um monte de coisa legal para fazer, mas onde arrumar esse tempo sendo que estamos totalmente presos às nossas obrigações? É muito pouco tempo para muita coisa a ser feita. Final das contas: 120 horas de estresse e muitas vezes trabalhando para o enriquecimento de terceiros, e 48 horas, dentre essas 48h, algumas delas mal aproveitadas em virtude das nefastas outras 120...

Tudo se comunga, nada se isola.

“Passei o dia fazendo um resumo do estado atual de minha fortuna pecuniária e cheguei à conclusão que possuo muito mais capital dinheiro do que capital tempo, e portanto é o último que merece particular atenção. (…) Ora, eu posso aumentar o dinheiro, mas, tempo, a única coisa que eu posso fazer é economizar (…). A questão é esta: o que se deve considerar como tempo perdido?” (José Vieira Couto de Magalhães, 1880)




sábado, julho 24, 2010

Espasmos Cadavéricos

"Nada mais é do que um caso particular de rigidez cadavérica, de instalação instantânea e ainda em vida, cuja principal característica é uma contractura que faz persistir, após a morte, a posição ou a atitude que a vítima apresentava no momento do óbito."

quarta-feira, julho 21, 2010

Vivendo no Abstrato


Eu preciso de dizer a verdade. É que nem sempre eu acreditei ou acredito que o homem (leia-se humanidade) precisa, de fato, acreditar em alguma coisa para não sentir que a vida é só isto. Uma verdade é que se a vida for/fosse só isto é uma merda. Quando morremos acabou, o sono é eterno. Se é eterno, não há o que sonhar e não motivo para sonhar, pois o melhor do sonho é acordar e poder pensar em realizá-lo. Essa deve ser a temática.

(...)

Com olhos desatentos depois dessas palavras ele diz para ela novamente.

-Olha para mim, essa é a minha imagem. Meus olhos desatentos nesse momento.Me sinto mais distante do mundo, talvez de mim...

-Não diz isso que eu acabo acreditando.

-Talvez, se você me visse de uma certa distância, uma maior, mas não ao ponto de me perder...

-(...)

-... Você poderia talvez me reconhecer.

-Você me espanta quando começa com esse assunto. Tem vezes penso que estou falando com uma pessoa sem início, meio e fim...

-Você me vê assim?

-Vejo que por vezes você tem expectativas altas demais para quem vive numa montanha russa.

-Não é assim, tudo me escapa. Pessoas, sabores, desejos e vontades. O que posso esperar mais?

-Olha, você ainda me têm... Por inteira.

-Tenho? Será que eu tenho condições de ter alguém? Brigo comigo mesmo, não convivo bem comigo mesmo.

-Eu estou do seu lado, eu estou ao seu lado.

(Depois, tudo que se podia ouvir era a voz séria do repórter de um jornal da TV , finalizando uma reportagem dizendo: "O perigo já passou, os técnicos já foram chamados, não há motivos para alarme.")

segunda-feira, junho 21, 2010

Um homem sério


Mas achei de uma poética tão grande a capa e o título desse filme que resolvi vê-lo.
Bom, quanto aos comentários, confesso que esperava mais, mas valeu a pena ter visto.
Ps: Qualquer semelhança com "alguma" realidade é, sim, proposital.

Pára a Chuva


Dessa vez ele de fato pode aprender muito com essas coisas. Pode. Poder nessa altura já não era o bastante. Foi preciso que a mágoa e a decepção falasse mais alto e que as palavras fossem duras e algumas atitudes fossem extremas. Foi preciso que doesse como nunca havia doído, que a saudade se transformasse em algo maior e que a lembrança dos momentos felizes fosse ofuscada pela onipresença da incompletude que teima em perturbar. Foi preciso entender que o que parecia certo era, na realidade, o seu maior erro. Foi preciso odiar a si próprio para superar. Foi preciso sentir vergonha para fazer mudar. Foi preciso chorar e sofrer para não amargar. Foi preciso combater a si mesmo.

domingo, junho 20, 2010

Hiato

No momento: reconstruíndo o presente; pensando no futuro.

quarta-feira, maio 26, 2010

O último tango


- Quando eu disse que tinha ódio, não estava falando de você.
- Não?
- Não. Não tenho ódio de você.
- Não?
- Não. Por que teria?
- Diga-me você.
- Eu falo é da vida, de mim.


(silêncio)

- Somos tão engraçados, nós dois.
- Diferentes demais.
- Semelhantes demais, eu diria.
- Tão semelhantes que chegamos a ser diferentes.
- Todo mundo é igual.


(silêncio)

- Desculpe.
- Você sabe que não precisa.
- Não, eu...
- Você foi ótima, a culpa não é sua.
- Então obrigada.
- Pelo quê?
- Pelas músicas. Pela noite. Pelo papo.
- Qualquer um canta uma música. Qualquer um te faz companhia numa noite, não?
- Não.
- Bom saber.

(silêncio)

- Eu acho que é isso.
- Podemos ir embora?
- Podemos.
- Algo mais a acrescentar?
- Te vejo em outra vida, quando nós dois formos alguma outra coisa, talvez leão marinho.
- Te procuro em outros corpos, juro que um dia te encontro.

(silêncio)

- Não me espere pra jantar e nem para mais nada, eu não volto.
- Eu sei. Nunca mais, não é?
- Talvez em outra vida.
- Talvez em outra vida.

(silêncio ad eternum)

segunda-feira, maio 24, 2010

Aquele outono inacabado

- Eu preciso.
- De quê?
- De você.

(silêncio)

- Leu seu horóscopo hoje?
- Li. Capricórnio. Péssimo dia. E o seu?
- Peixes. Péssimo dia pra mim também. Para nós.
- Para eles. Para nós, não...

(silêncio)

- Agora eu preciso de um cigarro.
- Você precisa mesmo é de um pulmão novo.
- Você precisa de um amor novo.
- Não. Eu gosto dos antigos.

(silêncio)

- Tá frio aqui fora.
- Está quente demais lá dentro.
- Gosto dessa brisa. Do fim da tarde. Do cheiro salgado.
- ... do azul escurecendo no céu em contraste com o azul marinho.
- ... dos amores antigos. Gosto.

(silêncio)

- Quando vamos embora?
- Nós temos que ir embora?

(silêncio)

- Acho que perdemos o horário.
- E a esperança. Voltaremos pálidos para casa.
- E se ficarmos?
- E se ficarmos?

(silêncio)

- Olha pra mim?
- Olho pra você.
- Está me escutando?
- Estou te escutando.
- Eu... digo, nós. Nós temos que fazer alguma coisa.
- O quê?

- Ir para casa.

- Não. Nós estamos em casa.

(silêncio)

terça-feira, maio 11, 2010

Para todas as criancinhas

Coisa estranha a vida! - ou essa vida(?) Quanto mais crescemos e amadurecemos, mais temos vontade de ser criança... No acerto de contas, ficam as lembranças, os desejos doentios que passaram, as promessas de amor e ódio não cumpridas, os sonhos que já não serão mais realizados e nem idealizados, ou até aqueles que se transformaram em realidade e que nem damos tanto valor. Lembranças.

Quando fazemos aniversário sempre pensamos no passado, no que já fizemos e no que ainda falta pra fazer. Descomunal a imensidão disso na mente. Tanta coisa se foi e não volta mais. Tem coisas que eu realmente gostaria que voltassem, outras não.

Daí, a grande explicação com o desejo de voltar a ser criança, de lembrar das coisas daquela época e sentir uma sensação muito estranha entre o peito e a barriga. As crianças não tem lembranças de um passado remoto, e nós temos... O máximo que podem lembrar é o que comeram ontem, e em muitas vezes nem disso a gente consegue lembrar hoje. Elas contam com desejos que são sempre os maiores, inimagináveis e perfeitos; aqueles que nos recordamos quando mais velhos que tivemos vontade de saciar, mas não saciamos. Ou saciamos e não teve o mesmo gosto que teria naquele momento em que foi fomentado na nossa mente.

Daí a vontade de voltar e viver tudo de novo, ter uma nova chance. A verdade chocante é que nós não temos essa chance, por isso deveríamos viver tudo intensamente pra não se arrepender de ter vivido.

Que as lembranças sejam contínuas, agradáveis e que o futuro seja melhor do que elas. Que se viva a vida a ponto de não se arrepender, pois os aniversários vão e vem. E a gente continua, até certo ponto(...).

segunda-feira, maio 10, 2010

Conclusões Periódicas

E com o passar dos dias e vivendo cada vez mais ou, cada vez menos vou conseguindo chegar a algumas conclusões que antes não passavam pela minha mente. Nunca fui daquele tipo de que tem uma verdade invariável e inflexível, mesmo porque isso não existe. Podemos falar em algo que é usual e algo que não é usual, mas jamais tomar para si como uma verdade inconteste.

É assim para mim, tanto é que me dou ao luxo de poder mudar de opinião quando eu bem entender. Aprendi isso com algumas pessoas e com a vida. Ela, por mais inacreditável que pareça – Sim, quando você ouve isso nos tempos de criança – nos ensina muito. Claro, a seu tempo e modo. Não sei se é justo ou injusto, mas acontece.

E pensei e pude, de fato observar, que esse sentimento nosso de incompletude, de dissonância do meio social, de dificuldade em sociabilidade tem muito a ver com nós mesmos. Daí você pensa: Mas é obvio que sim! São coisas da nossa cabeça...

Não tão elementar o é. Numa linha de raciocínio e investigação em que sempre buscamos além do óbvio, podemos chegar à conclusões interessantes. Fato é, que em todo esse interregno e em todos esses momentos em que estive deslocado e inconformado com minhas situações, eu estava sempre acompanhado. Acompanhado de mim mesmo.

Não é que o ser humano seja completo por natureza, ma sempre que fui ao bar e não me senti pleno, sempre que fui jogar futebol e não me realizei, que fui a aula não aprendi, que fui feliz e não sabia, que procurei e não encontrei o agrado há algo em comum nisso tudo.

Mas é claro! É Ululante! É chocante! Eu estava todo esse tempo, apesar de estar com outras pessoas ao meu redor também, em todas essas infrutíferas tentativas, eu estava comigo mesmo! Eu fui a minha própria companhia nisso tudo.

Daí reflito: Será mesmo que eu sou uma boa companhia? Acho que não consigo sequer sê-lo para mim mesmo, quiçá para os demais.

Eu não sei.

quinta-feira, abril 15, 2010

Será (?)

(...)Nos perderemos entre monstros
Da nossa própria criação
Serão noites inteiras
Talvez por medo da escuridão
Ficaremos acordados
Imaginando alguma solução
Prá que esse nosso egoísmo
Não destrua nosso coração(...)


quarta-feira, abril 14, 2010

A verdade chocante


Nada anormal, tenho buscado alguma forma de conseguir canalizar alguns tormentos que me são peculiares e teimam em me fazer companhia. Certo que ao longo de algum tempo consegui achar algumas coisas que me ajudam a expulsar um pouco daquilo que me corrói por dentro e me faz pior por fora.

Com isso, meu poder de fogo tende a crescer. Eu já achava que estava diminuindo bastante e isso chegou a me preocupar, bastante... Preocupar e refletir sobre condutas e sobre atos e pensamentos que permeavam minha mente há uns tempos é o que tenho feito e tentando também achar alguma saída.

Não sei a resposta, ainda. Aliás, essa conjunção do não saber me assombra de forma contundente. E que, por muitas vezes me joga contra a parede e me espanca. No boxe, você tem que bater para não cair, tem que bater para não levar porrada e se cair, tem que levantar senão vai continuar tomando porrada. É assim. Odeio analogias de livros de autoajuda, mas essa eu achei interessante. Meu tato para violência está mais aguçado do que nunca.

É aquela velha história de você ter que conviver com as suas escolhas, mas o problema fica por conta de quando você não fez todas as suas escolhas por livre vontade. Pode até ser devaneio de gente doida, mas acho que pode ter alguma coisa de real nisso.

Tem muito a ver com a verdade chocante. É aquela que ninguém que ouvir, pensar e nem mesmo falar. É a verdade que choca.

Até penso que as dores e sofrimentos do homem podem ser canalizados em força e algo benevolente através da filosofia, mas isso exige um nível de compreensão e percepção metafísico. Como atingir esse estado?

Na minha onda de leituras mais pesadas, achei um livro interessante também, chamado: O Demônio do meio dia”, ad argumentandum tantum: “O 'demônio do meio-dia' foi uma expressão utilizada na idade média tida como uma influência maléfica que provocava os erros no escritor, escultor etc… Podemos considerar o “demônio do meio-dia” como a própria melancolia, ou seja, a perda do sentido da existência; falta de explicação por uma grande perda.”

Discorrendo ainda mais sobre o tema, trago ao conhecimento de Vossas Excelências mais alguns trechos do livro supra:

Quando estão bem, alguns amam a si mesmos, alguns amam outros, alguns amam o trabalho e alguns amam Deus: qualquer uma dessas paixões pode fornecer o sentido vital de propósito que é o oposto da depressão.”

O amor nos abandona de tempos em tempos, e nós abandonamos o amor. Na depressão, a falta de significado de cada empreendimento e de cada emoção, a falta de significado da própria vida se tornam evidentes. O único sentimento que resta nesse estado despido de amor é a insignificância.”