segunda-feira, dezembro 28, 2015

"Life is about love, last minutes and lost evenings."

Nada além do meio termos que teima em existir entre o colorido e o branco e preto. As palavras despencam do céu em um temporal de sentidos. Uma torta estrada de um motorista errante. Ou, por outro lado, apenas aquilo que merece ser dito uma vez que se pensa. Pobres crianças do campo, aproveitem os caminhos.

quinta-feira, dezembro 10, 2015

Insurreição de uma mente apática

Era perceptível que sua mente não ocupava lugar algum neste planeta. Era difícil até mesmo tentar imaginar onde estaria ela neste momento. Paisagens, passagens, pessoas, prédios, ruas e carros. Tudo isso era apenas isso. Apenas e mais nada. Nada além de meras peças figurativas de um filmezinho qualquer de quinta categoria; assim como sua vida.

Ao final da viagem muda, abre-se o diálogo:


"O senhor quer um pouco de ar?" - o taxista ainda comentou.

"Você não imagina como..." - respondeu-lhe.

Um comercial dos anos 30

Foi estranho não reconhecer o olhar dela - não havia o brilho com o qual ele estava acostumado. Também foi estranho não reconhecer o sorriso - não tinha a alegria que costumava emanar. Talvez por isso as palavras não fizessem sentido, perdidas em gestos tão pouco familiares. O cheiro, é verdade, continuava o mesmo. Mas alguma coisa não estava no lugar. Ele ainda a observava com cuidado, confuso com o que acontecia ali. Seu coração disparara tão logo ela chegou; agora, batia espaçado, em descompasso. Pela primeira vez, não fez menção de a tocar. Pela primeira vez, não sentiu falta daqueles beijos. Ela era outra, e ele esperava pela de sempre. Em outra época, é certo que doeria mais. Naquele momento, porém, foi apenas melancolia. Quis, como em outros encontros, que o tempo voltasse, apenas para que ela não se perdesse tanto assim de si. Reescrever a história. Salvá-la, quem sabe. Não era o caso. Restava o silêncio e o desconforto de quem percebe o inevitável.

domingo, novembro 01, 2015

Faz, a vida faz

Tudo anda me fazendo mal. Muito mal. Afinal, tudo que se tem hoje é o que foi plantado antes. Velha história: Se tu planta bosta, colhe merda. Não sei ao certo onde isso tudo vai acabar me levando, mas acho que o pior já passou, aliás, não acho, tenho certeza. A dor já faz parte do total. O pior de tudo isso é ter que viver com incômodo gigante. Sabe? Você tenta, se desdobra, tenta seguir seu coração, mas no final as coisas não acontecem do jeito que você idealizou. Afinal, essa coisa toda de idealizar, meio propaganda de margarina, que vira e mexe aparece aí na TV para iludir todo mundo num sentido mais ou menos “american way of life”, mas que é só felicidade. E quem te disse que a vida é essa felicidade toda? Destarte, felicidade nada mais é que um MOMENTO, e não um estado perene. O ser humano precisa entender que a felicidade não dura o dia todo, o mês todo e nem o ano todo, o mesmo se diz sobre a tristeza. É a mesma dicotomia entre Deus x diabo. Se um existe, o outro também deve existir. Então, tente fazer seu melhor, a cada dia, a cada hora, a cada oportunidade. É sempre assim. Não vai mudar. Tem que saber e entender que nada que você está passando neste momento vai acabar contigo. Porra! Não vai assumir as rédeas da vida? Vai deixar ela tomar conta de você e decidir por você? Te garanto, amigo, a decisão que a vida toma por você é mais dolorosa e ainda carrega consigo a inafastabilidade do saber que NÃO foi você quem tomou essa decisão. Cortar da tua vida tudo aquilo não te faz bem, tudo aquilo que sempre te deixa mal, e que te impede de crescer. Um exercício diário que envolve pessoas, ambientes, hábitos, vícios, pensamentos e mais o que você quiser adjetivar. E pode ter sempre a certeza, tudo vai passar, pois tudo passa. De verdade. Talvez, você mesmo já esteja mais preparado do que imagina e se acovarda por detrás de coisas que lhe fazem mal, não, não está lhe fazendo bem. Consome-te. Suga sua energia. Enfraquece-te. Pecado mesmo é não viver a vida e ela está aí, bem na sua frente, passando, com tudo que lhe oferece de bom e de ruim. Não procure justiça. A vida não é justa ela apenas existe, sem nenhum senso de justiça ou igualdade. Haja. Respire. Sinta a vida pulsar por dentro de você e te fazer levantar da cama para encarar mais um dia. Não jogue a culpa nela, pois ela vai vomitar tudo na sua cara, pode ser hoje, daqui a dez anos ou no seu leito de morte, mas ela vai descontar.


“Era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e enaltece as boas e que graças a esse artifício conseguimos suportar o passado.” – Garcia Márquez. 

quarta-feira, outubro 07, 2015

QUERIDA VIDA...

Curioso como funciona esse mecanismo chamado vida. Outro dia mesmo estava de frente com meus demônios. Pude encarar minhas verdades, e de frente pude ver, o quanto posso errar, falhar e ver, o que pode ser muito natural. Naquele instante, peguei minha última cerveja, a que me restava, lá no quarto. Havia alguém, mas não estava lá para mim, e na verdade, eu nem queria que estivesse. Aos poucos, pude falar poucas palavras com as poucas pessoas que por lá estavam. Cada um na sua, mas tenho certeza de que todos estavam com seus problemas e seus demônios. Cada um tentado encarar da forma menos nociva. Menos eu. Eu estava lá para ver de frente o que havia me feito tão feliz e me machucado ao mesmo tempo. Me deu esperança – falsa, é verdade. Mas me deu um pouco disto. No final, era somente eu. Eu contra minhas verdades, absolutas ou não. Mas minhas. Somente um dia, um único dia, eu pude ver como as coisas mudaram, e eu mudei também. Não sei bem se para melhor ou pior. Penso. Afinal de contas, o que isso importa? Todo mundo quer de mim o meu melhor, e será que eu posso oferecer isso o tempo todo? Acho que não, se nessas horas eu prefiro ficar recluso. Não entendem. Quem tem histórico de depressão acaba assustando muita gente. Eu sou assim. Afinal, será que cada um que me “ajudou” a ser o que eu sou está se importando comigo? Ou será que querem arrancar carne de meu peito, com tanto ódio? Por quê? Logo eu. Logo eu! Não sou o melhor, mas também não sou o pior. Eu mereço isso? Quem se importa, aliás, a vida se importa com isso? Não. Ela joga seus dados, numa boa, como se eu fosse uma peça de xadrez. Foi-se o tempo. Pra que serve olhar tanto o espelho, se ninguém vai te procurar. De que vale, guardar tantos segredos, se ninguém vai te procurar? O céu desaba. Quer sobreviver ao dia comum? E mais uma vez, atravesso a estrada e nunca acontece nada, NADA!

sexta-feira, setembro 18, 2015

Vício é querer a dor mais forte e escolher o lado errado sempre

Curioso. E me peguei aqui, em casa, olhando para a minha potencial algoz. Aquela que poderia ter acabado com toda a história. Mas por fim, não acabou. Devaneio. Algo errado dentro de mim pedia o contrário e eu relutei. Relutei demais, e consegui vencer, fiz apenas um agrado que me marcou até hoje. Muita gente fala que eu sou o cara que mais gosta de tatuagem, mas ainda não tenho nenhuma. Mentira. Tenho as minhas, são três traços lascados na pele, mais especificamente no antebraço. Doeu, castigou, feriu. O corpo sente, a alma entende. E logo hoje me deparo com ela, que por muito tempo foi escondida de mim, talvez por medo, talvez por precaução. Sábios. Mas estive cara a cara com ela. Ela me olhava de um modo cheio de dúvidas, como se não soubesse o que havia ocorrido, ou como se pedisse para ter ido mais longe. Por Deus, não fui! Não dessa vez. Mas tive que encará-la, ela me olhava, e eu olhava mais ainda para ela, parecia uma hipnose, não induzida, mas voluntária. Ainda havia marca daquela época, sangue seco, sujo e negro. Sujo, impuro. Mas estava lá, um pedaço de mim e daquela época que foi. Ficou. Hoje, agora, tudo, tudo é passado. Amanhã é um novo dia. Tem que ser um novo dia. Assim esperamos, eu e ela. Bem do meu lado, como uma ex-amante, como uma cúmplice, que nada pode dizer além de me mostrar o que aconteceu naquela época. Ela fala por si, minha pele fala por mim. Tenho tatuagens, nada ortodoxas, mas são minhas, e somente minhas. Eu sei onde pisei e o que passei. Talvez ela saiba mais do que eu. Mas que fique claro, quem manda SOU EU!