quinta-feira, fevereiro 18, 2016

Fumar já não era mais um hábito tão recente assim. Ainda atropelava cigarros viciando nas últimas 48 horas o tempo que perdeu. Insone por completo. Nenhuma música o acalmava. O chão clamava por socorro se pudesse reclamar das pisadas incessantes de um lado para o outro. E a carta ali, por cima da mesa, esquecida entre alguns pedaços de manuscrito de algo que jamais publicaria e um filme de Godard que jamais seria visto outra vez.

Sentir, doer, eram hábitos recorrentes. Sorria de nervoso, repassando alguns bons dias na memória. E o corpo jogado no chão, esquecendo da vida entre um passado trágico e um futuro qualquer, daqueles que só se quer experimentar uma vez.

Talvez, padecer fosse um hábito urgente. Cortava-se há semanas. Lacônico. As paredes da casa ruiriam se entendessem a prisão que elas representavam para ele. Enquanto as chaves permaneciam penduradas na porta, pedido para serem giradas até a saída se apresentar e o caminho ser seguro pela última vez.

Sangrar era um hábito presente. Todavia, estancava as feridas com as mãos, contendo os amores que cismavam em escorrer de si. Sensível. Nenhuma calma o aplacava. E as vozes ali, espalhadas na cabeça, dizendo que estava tudo bem e que era só fechar os olhos para acabar de vez.

Viver, meus caros, era um hábito iminente. No entanto, fugia. Sincero. Nenhuma vitória. A cama desarrumada. E os textos. Ao invés.

segunda-feira, fevereiro 15, 2016

Entorpecência Imaginária - Ou quase isso.

Sou uma vítima de mim mesmo, como tenho sido há anos. Sou um doce monstro, muito doce que nem mesmo se parece um monstro. Mesmo sendo uma constante na minha vida, ainda não me acostumei a perder. Perco tudo. Quando me abalo, perco o foco, o chão, o teto e tudo mais. A coragem se esvai junto. Sigo em frente. Todas as vezes acho que não vou dar conta, mas acabo sempre dando conta, a duras penas, mas consigo sair de dentro da piscina, neste mergulho que parece não ter fim. Sobra, disto tudo, mais um pedaço arrancado do meu peito. E posso lhes garantir, amigos, daqui algum tempo não haverá mais nada há ser arrancado. E aí, como ficarão as coisas, eu não sei. Por Deus, eu não sei. Sou ser humano, uma condição indissociável, acerto, erro, negligencio, mas ainda não atingi a maldade necessária para seguir bradando as vitórias da vida. Desta vez, resolvi não sangrar por fora (Como se fosse uma escolha... Ah! Como me iludo). Que fique por dentro, que foi onde tudo começou.
Essa é uma foto de uma gota de água do mar, ampliada 25x. Quanta variedade, quanta vida, quanto cor ainda guarda uma gota. Uma gota somente. O mar deve ser maior do que isso.