quarta-feira, setembro 29, 2010

Náufrago com o corpo cansado

Fico pensando sobre umas coisas que acabam fazendo parte do meu cotidiano, e posso dizer que vejo muito bem as coisas e bem de perto, face to face. Não vejo só pela televisão, jornal e/ou revista, internet e o escambau. Tenho visto a condição de miserabilidade e total desgraça vital em que muitos se encontram, posso sentir isso, o cheiro e os sons dessa condição. É incrível que, mesmo diante de uma lógica cartesiana posso afirmar que elas não tem chance de conseguir sobressair. O milagre não será operado. Mas ainda assim insistem em buscar algo confortável e não desistem de lutar, mesmo quando tudo está totalmente perdido.

Não gosto quando me dizem que eu não conheço o desespero e a desgraça, pois eu conheço sim.

Eu queria mesmo era ter respostas para o tanto de situações em que me atiro e divago, ser um pouco mais como as outras pessoas que conseguem achar tudo tão legal e florido. Pensando mais a fundo, parece que tudo que fez tanto sentido para mim noutras oportunidades, agora não parece mais ser tão certo. E tudo novamente fica estranho, até os sabores me enganam.

E do nada eu novamente me sinto como um micro organismo diante de um mar em tempestade, como se aguardasse que o mundo fosse me pegar e me levar na enxurrada, forçando mesmo a reconstruir a vida. É difícil saber que de tempos em tempos isso acontece, e mais difícil ainda é saber que tudo isso tem sido mais frequente e presente na minha vida, e de tempos em tempos "i can't get no satisfaction"...
É a minha angústia, em forma de um nó na garganta. Complicado é pensar que meus problemas não são com as outras pessoas, na verdade não são mesmo. Antes fossem com as outras, pior de tudo é ter problemas com você mesmo e sabendo de todas as suas armas, artifícios e subterfúgios utilizados por mim mesmo. Isso tudo me cansa muito.

E o relógio continua com sua batida onipresente, forte, incessante e cínica.

"Náufrago com o corpo cansado
no breu aguardo a tempestade
decidir se me atira outra vez as tuas praias
ou se enfim me leva às rochas
pra descansar.

(...)

E é tudo tão impossível
que ateamos fogo nos remos."

sexta-feira, setembro 17, 2010

Esse não é mais um conto charmoso


Em alguma capital brasileira, em algum dia perdido no espaço e no tempo dos anos 2000.

Me peguei caminhando pelo centro, bem pela manhã. Com um desequilíbrio soberano no peito, falando coisas sozinho, muitas frases soltas e sem nenhum sentido.

Penso que algumas pessoas tem a casa da mãe, uma mulher para ter que voltar para ela, um animal de estimação chato para poder dar o que comer. Mas naquele dia me parecia que eu não tinha nada disso.

Vejo um cabeludo, com uma certa idade, trajando uma camisa de alguma loja de departamentos, bêbado e bastante sujo. Ele se levanta e começa a caminhar sem rumo.

Por fim, acabo atravessando a rua e compro uma cerveja, olho de novo para o cabeludo e mudo de ideia. Compro logo duas cervejas! Dou logo uma para o cara e ele me diz: “Porra, cara...”. E ficou a parado sem reação.

Tomou-me a cerveja como se fosse uma barra de ouro, recheada de diamantes. Me mandou um sorriso, daí segui meu rumo.

Desta vez tinha um rumo interessante! Fiquei totalmente animado em fazer algo excitante naquela noite de um dia que já armava uma chuva.

Cheguei em casa e pude ver da janela todo o povo correndo da chuva, muita gente assustada, como se visse a chuva pela primeira vez... E fico pensando, que mal tem em se molhar? O que seria isso perto de seus grandes problemas? Molhar. Que coisa triste, não? Pra que essa correria? Pra onde?

Fui em passos largos para o velho Jack. Já pensei nele descendo por minha garganta e queimando tudo por dentro. E que ele lave, desinfete e foda com tudo mais que estiver precisando ser eliminado de lá.

Daí em diante eu vou dormir, me repousar um pouco e eu sei que logo pela manhã do dia seguinte eu vou acordar e saber que o velho Jack me ajudou em mais uma missão completa, me ajudou à tirar tudo de mim, tudo que ferrava e fedia por dentro.

Tomo um banho e dou adeus à angústia. Até a próxima vez.

quarta-feira, setembro 08, 2010

Xeque-Mate


Muita gente já me condenou pelo meu jeito de levar a vida. Aliás, tentaram a minha condenação, em vão. Na verdade, eu acredito que o meu jeito de vida e um pouco do meu estilo tem muito a ver com o a atitude rock n' roll mesmo.

Ao ouvir as diversas formas de guitarra, distorção, o som da bateria batendo forte, o compasso do baixo e um vocal que se encaixa muito bem nesse conjunto ou até mesmo aquele que não se encaixa, mas me faz sentir bem, tocando exatamente o que você precisa em determinado momento, quando mais você precisa se sentir vivo.

Depois de algum tempo, cultivei em minhas veias o espírito de tocar o foda-se e pronto. Sempre quando faço isso, me vem à mente de que não vai me levar a morte, daí sou tomado por um torpor tão orgástico que me faz sorrir de forma muito maliciosa! Enfim, sou genioso pra c... Sou do tipo que começa a se coçar todo e ter dor de barriga de raiva, e como, começo a suar frio e a minha boca seca por inteiro. Mordo os dentes, o dedo e bagunço o cabelo. Eu Piro!

É algo do tipo em passar uma pressão violenta no trabalho e sair por aí sem se importar, e se for para a rua, melhor ainda! Ser irresponsável uma, duas ou quantas vezes for necessário, comprar uma briga, ou simplesmente desaparecer do mundo alheio.

Isso tudo é inevitável, eu detesto muito fazer algo que não quero, pode ser por isso que muitas coisas aconteceram ou não aconteceram na minha vida. Muita coisa do que eu tenho vontade de fazer, eu simplesmente faço, sem pedir permissão para ninguém. Acho que isso tem muito a ver com o que se foi criado dentro de mim, e como disse, é tudo isso muito orgástico!


Gosto de ver a cara de espanto de alguns! O que eu não tolero mesmo é o tal do moralismo mirim, é ver nego com complexo de “assistente social” que quer ajudar todo mundo e blá blá blá... Me cansa muito.

Um exemplo fácil é de nego que na época do colegial que vivia agarrado com as mocinhas, e essas mocinhas namoravam os outros caras, mas nego insistia em ficar colado nelas, pagando de anjinho e de consolador para as garotinhas que perdem os namorados! Quanta bobeira! Esquecem que as garotinhas sempre gostam dos anjinhos sim, mas acordam mesmo é com os demônios!

Mas alguém pergunta, o que isso tudo tem a ver com Rock n' Roll?

Xeque-mate!

quinta-feira, setembro 02, 2010

Excretos

É impressionante como foi custoso e doloroso escrever o post anterior, que acabou por sair de forma incidental e nada programada. Na verdade havia muito tempo que não me deixava dominar pelas palavras ao invés de fazer o contrário.

Como bem relato no começo, era para ser a despedida de agosto, que tenho por mim como o mês do desgosto. Enfim, ele acaba, e dele eu saio vivo e todos à minha volta que eu gosto também estão ilesos. Incrível isso! Por um momento eu pensei que isso não iria acontecer! Maldito senso de humor sem senso algum.

É que na verdade eu não consegui ficar inerte diante de alguns cometários sobre o que eu havia escrito ontem. A grande verdade é que eu gosto que comentem os posts, todo mundo que tem um blog guarda para si um “q” de egocentrismo, daí a causa disso.

Mas vamos lá, voltando ao ponto.

Eu queria demonstrar que todo mundo tem o seu inferno. E o meu e o de mais de um monte de gente oscilava entre aquilo lá que está descrito. Tenho também o entendimento de que ninguém gosta de se relacionar com gente que só fala mal das coisas, ainda mais quando essas coisas estão empolgando a sua vida no momento e coisa e tal.

É serio! Por vezes pensei que meus amigos tinham que fazer um curso para aprenderem à conviver comigo, esse mutante instável.

Não é nada agradável, mas não se pode condenar também. Pois bem, quando dizem que essa visão é muito niilista, digo que sim, de fato o é. Contudo, é apenas mais uma realidade sobre um ponto de vista que outras pessoas enxergam, antagonicamente ao modo em que tem gente que vê passarinho azul em tumba de cemitério...

Fico pensando que essa coisa de fazer tipo não está com nada. O meu medo é de pensar que o blog é de alguém que quer fazer tipo ou pose. Eu não faço tipo nenhum e muito menos pose, e não tenho mais idade para fazer pose de nada também. Eu simplesmente quero mais é que se foda. Tudo.

Agora, se eu sempre fui assim, ou se eu não era assim, foda-se! Cresci, mudei, vi, vivi. E digo mais, pretendo mudar ainda mais na minha vida, não sou burro de mudar por fora e não mudar por dentro só para dizer que sou fiel a coisa e tal. Sou também cheio de contradições e pretendo ainda ter muito mais antes de morrer!

"E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti" Friedrich Nietzsche.