quarta-feira, junho 29, 2011

Mas você lembra?

Lembra das manhãs em que despertávamos sorrindo, rejeitando gostos e cheiros e se entregando a beijos e sexo recém-amanhecer? Lembra dos gestos, dos últimos olhares, das despedidas, das chegadas? Lembra do cheiro que minha pele tinha quando tocava a sua? Lembra da cor do meu sorriso quando via o seu?
Mas você não se lembra? Pode confessar, não vou brigar.
Você não se lembra de nada. Pergunto-me qual foi a última vez que pensou em mim. Não pergunto a você, pois temo a resposta. Creio que tenha me apagado de uma vez das suas lembranças, das suas memórias, tão cheias, feridas, tão machucadas, eu diria.
Lembra por que me amou um dia?
Lembra do que há em mim que te chamou a atenção?
Lembra, ao menos uma vez, uma última vez, do gosto do meu beijo quando beijava o teu beijo.
Hoje, sou apenas uma sombra. Refaça-me, pois hoje sou apenas um, fantasma, que quer habitar suas memórias...

quinta-feira, junho 16, 2011

Bandeira a meio mastro


É sempre assim, às vezes eu busco botar um bocado de felicidade em mim. Escuto uma música, leio um livro, vejo um filme; mas sempre me parece que há algo aqui dentro que frustra esse meu plano e sempre me faz lembrar de que tristeza acaba sendo regra e é assim que as coisas que eu escrevo aqui acabam brotando, fruto de uma inspiração que eu não queria ter. E com ele vem mais um conjunto de sentimentos.

Muita coisa na minha vida já rareou, e eu escrevo, pois é alguma coisa me resta.

Os dias que vão passando não me deixam saudades, saudades eu tenho da época em que nem sabia o que significava a palavra saudade, e eu só tinha que seguir em frente, somente.

Sentimento de inadequação psico-social, sem explicação. Daí todos me dizem obras puras de eufenismos, para coisas que eu já sei sobre a realidade. Chegam de peitos estufados e cheios de si, nessas madrugadas que nos deixam em carne viva!

Daí em diante, recolhido, quieto e ensimesmado. Mas há de convir, nunca me expus tanto, você sequer para me impedir. Com esse alvoroço que andam as coisas, mal engoli no almoço e nem sinto o gosto algum.

Eu te aconselho: Nem queria saber, nem queira saber.

O que me mantém vivo, também me mata e me machuca. É a dor. Tem que doer na carne a ferida aberta e exposta. Depois, no final das contas, tudo vira carne de abutre.

quinta-feira, junho 02, 2011

Dazed and Confused*

É este o nosso o lugar.

“Mas eu não quero me encontrar com gente louca”, observou Alice.
” Você não pode evitar isso”, replicou o gato.
“Todos nós aqui somos loucos. Eu sou louco, você é louca”.
“Como você sabe que eu sou louca?” indagou Alice.
“Deve ser”, disse o gato, “Ou não estaria aqui”.
Lewis Carroll


Estamos perdidos na floresta.

Muito juizo… Sempre, sempre eu digo… Mas eu não consigo ter…

Pois é Alice… Pois é…

*Título e post baseados na ótima música do Led Zeppelin.