quarta-feira, abril 27, 2011

Entrevista com vampiro

Eu sempre gostei de entrevistas, gosto de ler as pessoas que eu admiro, gosto de saber o que elas dizem, pensam e fazem com as coisas da vida, e com as coisas mais banais; algo do tipo que dá na gente aquela vontade de acordar achando que não é mais você mesmo. A minha vontade era ser entrevistado pelo Antônio Abujamra, que é conhecido pela irreverência de suas encenações e por seu humor crítico em relação a totens e tabus sociais e tem um programa de entrevistas muito sui generis chamado Provocações.

Contudo, como a chance de eu ser entrevistado por ele é um pouco pequena, eu mesmo me entrevistei através de umas perguntas bem humanas e simples, o resultado é esse:

Nas últimas 24 horas...


Você chorou? Tive vontade.
Ajudou alguém? Acredito que sim.
Disse 'eu te amo'? Não
Brigou com alguém? Não
Falou ao telefone/com quem: Sim, ex-colegas de faculdade e tentei os clientes.
Abraçou alguém: Sim
Se apaixonou: Todos os dias.
Um lugar: Escandinávia
Um desejo: Ser feliz e mais normal.
Um ídolo: Qualquer um que tenha sido verdadeiramente sincero na sua vida.
Um arrependimento: Algumas decisões tomadas, digo, várias. Algumas coisas feitas e outras não feitas.
Beijou: Não.
É ciumento: Tenho sim os meus ciúmes...
Um sentimento: Perplexidade.
Um medo: Quando o meu livro dos dias terminar sem ser terminado.
Um dia: Quando eu vim ao mundo.
Uma paixão: Conhecimento.
Um vício: Cigarros e músicas.
Um mês: O que vem depois de dezembro e antes de janeiro.
Um amigo: Meu irmão.
Um bom ouvinte: A parede.
Uma amizade que venceu o tempo: A de algumas pessoas da época de faculdade.
Uma estação: Inverno, definitivamente.
Um sonho: Rodar o mundo, chutar uma macumba e ter uma banda de rock!
Razões para sorrir: O amanhã.
Eu devia ter mais: Paciência.
Eu devia ter menos: Racionalidade.
Eu tenho: Camisas das minhas bandas favoritas.
Eu preciso: De alimento e outros sentimentos.
Me dói: O peito.
Eu acho: Que esse mundo está perdido, a gente precisa começar tudo de novo e esse povo é tolo demais.
Eu sinto: 100 anos de Solidão.
Posso confiar: Na minha família e nas minhas verdades.
Acredita no amor? Pode ter certeza que ele existe.
E na fidelidade? Depende das partes.
Quer casar? No momento não, obrigado.
Quer ter filhos? Alguém precisa continuar essa saga-sagaz.
Uma pessoa que eternizará no seu coração: Todos os meus heróis, e todas as pessoas que participaram dos meus momentos em que não fui somente coadjuvante no mundo. Aos companheiros das batalhas perdidas também... E as que ficaram pelo caminho.
Uma boa lembrança: De quando a gente era feliz e não sabia.
Um modo de ser: Agradável demasiadamente.
Um time: Cruzeiro.
As que se pode confiar: Essencialmente a família.
Um fim: Uma ópera parabucólica!

quarta-feira, abril 06, 2011

Metamorfoseando


Tem horas que eu gostaria de saber o momento exato, as palavras exatas, o local adequado para a vírgula e afins, a hora certa de frear. Mas, é que sou acostumado às intensidades da vida, gosto muito de pouca coisa, sempre me vejo apegado a pisar fundo mesmo; sempre como se a oportunidade fosse única, independente do momento ser oportuno ou não. Assim, acabo assumindo riscos que não deveria e faço escolhas que poderiam ser perfeitamente evitadas se eu tivesse ao menos um pouco de prudência. (Reitero que estou em fase de transição temporal do verbo empregado neste texto*). O mais impressionante de tudo é que é tudo em velocidade máxima, o que, a priori não seria danoso se o mundo rodasse na mesma intensidade e outras pessoas me acompanhassem nisso. Todavia, não é o que ocorre, por obvio. Daí surge àquela sensação de descompasso que custa a sair de mim e o resultado muitas vezes tende ao nada. Daí em diante resta (ou restava?*) muito silêncio, angústia e sei lá mais o quê... ...E por não dar dois passos para trás antes de um para frente, como fazem as pessoas sensatas.


E eu juro que queria ter um freio eficaz, e acho que ele está se desenhando.


Que o diga Gregor Samsa.


Recomendo: A Metamorfose (Die Verwandlung, em alemão), é um conto escrito por Franz Kafka, publicado pela primeira vez em 1915.