Ela pensa que fala (a alma é muda). E a solidão que a toma, como em um
turbilhão, ensina o caminho de se afastar de si. A respiração é pouca, os
gestos são brandos. Ela não podia estar ali. Por isso, não vive, não deixa, não
aceita. Diz adeus quando deveria dar abraços. Pede perdão quando o certo é um
obrigado. Só vai seguindo. Só, vai seguindo. Só vai, seguindo. Não volta. Não
pode voltar. Não quer. Mas não é dela o devir. Nem o saber. Apenas o sentir,
que já não está ali. Porque não quer estar. Porque não deve. Porque é assim.
Ela disse.
Ele não.
E a vida que perde é o que ela
ganha no fim.
*** ***
*** ***
"Tá tudo bem, mas tá esquisito
Nesse lugar, na minha posição
Eu sei pra você é difícil perceber
Tomar partido e resolver de uma vez essa situação
E é só dizer de uma vez a sua opinião
Coisas da vida, que sirva como lição
Cotidiano acumulado
E tão engasgado na sua garganta
Seca e vazia, sem voz
Eu perguntei só pra saber se você vai ou se vem
Sabe a distância entre sonhar e viver é pensar demais
E não se jogar
Às vezes a gente vai ter que lidar com ganhos e perdas
Ainda não dá pra saber, vamos aguardar"