E ele que sempre gostava de silêncio logo após chegar em casa. É fato, a vida não estava fácil naquele tempo. Roberto estava mentalmente cansado. Havia tempos...Ainda assim sempre repetia o mesmo ritual; retirava as cartas da caixa de madeira e as jogava sobre o lençol, as cartas ficavam abertas, mas daquela forma ansiosa que os amantes abrem.
Com as pernas quase cruzadas, os óculos recostados na ponta do nariz e a luz da luminária baixa, compondo-se, assim o visual que todos podem imaginar. Ele se escondia na sua escuridão controlada.
Para qualquer um que pegasse aquelas letras fortes e azuis, num papel branco e até gasto não falariam nada a não ser: são palavras. Para Roberto, eram mais do que palavras, eram tiros, facadas, tapas. Dor.
O clima era de silêncio total, sendo que o único barulho vinha de dentro do corpo de Roberto. Um coração em ritmo lento, e cada parte do seu corpo gritando e querendo sair, ir embora de uma vez por todas. Mas não se separavam; todas as noites a cama estava lá, as cartas também. Ele não.
Todas as noites começavam e terminavam da mesma forma. Lia cada frase já decorada, e abria a janela para tragar um pouco de ar, tentando se purificar com o coração vago e o pensamento aflito. Depois abria um livro e pensava que aquelas linhas não eram para ele e sim para todos... Eram frases ditas para todos, sem sentido nenhum para ele.
Só não percebe que as cartas também perderam o sentido, pois aquela não era mais a sua vida, nem ela era mais dele. Somente ele acreditava que ainda era ele.
Talvez a porta ainda se movesse, o armário ficasse maior que o normal, as janelas gigantes e ela cada vez menor dentro do quarto. Ali esperava, sentado, e escrevia apenas o que precisava dizer:
“Lembrei de você no meu fim também...”
Com as pernas quase cruzadas, os óculos recostados na ponta do nariz e a luz da luminária baixa, compondo-se, assim o visual que todos podem imaginar. Ele se escondia na sua escuridão controlada.
Para qualquer um que pegasse aquelas letras fortes e azuis, num papel branco e até gasto não falariam nada a não ser: são palavras. Para Roberto, eram mais do que palavras, eram tiros, facadas, tapas. Dor.
O clima era de silêncio total, sendo que o único barulho vinha de dentro do corpo de Roberto. Um coração em ritmo lento, e cada parte do seu corpo gritando e querendo sair, ir embora de uma vez por todas. Mas não se separavam; todas as noites a cama estava lá, as cartas também. Ele não.
Todas as noites começavam e terminavam da mesma forma. Lia cada frase já decorada, e abria a janela para tragar um pouco de ar, tentando se purificar com o coração vago e o pensamento aflito. Depois abria um livro e pensava que aquelas linhas não eram para ele e sim para todos... Eram frases ditas para todos, sem sentido nenhum para ele.
Só não percebe que as cartas também perderam o sentido, pois aquela não era mais a sua vida, nem ela era mais dele. Somente ele acreditava que ainda era ele.
Talvez a porta ainda se movesse, o armário ficasse maior que o normal, as janelas gigantes e ela cada vez menor dentro do quarto. Ali esperava, sentado, e escrevia apenas o que precisava dizer:
“Lembrei de você no meu fim também...”