quarta-feira, julho 21, 2010

Vivendo no Abstrato


Eu preciso de dizer a verdade. É que nem sempre eu acreditei ou acredito que o homem (leia-se humanidade) precisa, de fato, acreditar em alguma coisa para não sentir que a vida é só isto. Uma verdade é que se a vida for/fosse só isto é uma merda. Quando morremos acabou, o sono é eterno. Se é eterno, não há o que sonhar e não motivo para sonhar, pois o melhor do sonho é acordar e poder pensar em realizá-lo. Essa deve ser a temática.

(...)

Com olhos desatentos depois dessas palavras ele diz para ela novamente.

-Olha para mim, essa é a minha imagem. Meus olhos desatentos nesse momento.Me sinto mais distante do mundo, talvez de mim...

-Não diz isso que eu acabo acreditando.

-Talvez, se você me visse de uma certa distância, uma maior, mas não ao ponto de me perder...

-(...)

-... Você poderia talvez me reconhecer.

-Você me espanta quando começa com esse assunto. Tem vezes penso que estou falando com uma pessoa sem início, meio e fim...

-Você me vê assim?

-Vejo que por vezes você tem expectativas altas demais para quem vive numa montanha russa.

-Não é assim, tudo me escapa. Pessoas, sabores, desejos e vontades. O que posso esperar mais?

-Olha, você ainda me têm... Por inteira.

-Tenho? Será que eu tenho condições de ter alguém? Brigo comigo mesmo, não convivo bem comigo mesmo.

-Eu estou do seu lado, eu estou ao seu lado.

(Depois, tudo que se podia ouvir era a voz séria do repórter de um jornal da TV , finalizando uma reportagem dizendo: "O perigo já passou, os técnicos já foram chamados, não há motivos para alarme.")

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