E quando ela apareceu em sua vida, ele se viu em total desatino, o Universo nada mais era do que algo comum. Havia sol, plantas, vida; só não havia ar. Daí, ela foi entrando, tomando conta, sendo a senhora dos domínios, como que arrastasse tudo como um mar em tardes de inverno. Quanto a ele? Só lhe restava tentar colocar a cabeça para fora d’água e tentar respirar eis que ir contra a correnteza de nada iria lhe servir. Tanto foi por isso que acabou se deixando levar e, quando viu, não podia mais manter os pés em terá firme. Enquanto isso, ela parecia sumir e voltar, no mesmo ritmo do oceano, da mesma forma! Naquele momento o mundo parecia o mundo. Por muitas vezes tentava nada em sua direção achando que poderia alcançá-la, porém seu esforço era inútil, o mar fazia sua parte, sua parte de deixá-la longe... Então ele tentava sair da água, como que se quisesse fugir e via o frio que fazia ali, não podia suportar. E seguia sua luta; ele, nadador desesperado; ela, porto inatingível. Quem vê de fora consegue até enxergar alguma poesia neste bailar; já outros pensavam que valia a pena nada e muitos outros pensavam que só havia um esforço inútil para não se afogar, somente. Na verdade, enquanto ela se afastava, ele continuava a insistir... Pobre, sem saber que a cada braçada que dava nada mais era um simples esforço para existir e que a vida era feita dessas coisas, desse modo e sonhava, apesar de tudo, que a maré pudesse virar.
"Deixo a onda me levar
"Deixo a onda me levar
e espero nunca mais voltar
ao cais das dores que senti.
Com os dedos rasgo o mar
e me entrego a mundos que não mais
farão parte de ti."
2 comentários:
Bom post! Como eu te falei! Não pelo conteúdo... "Más" pela perspectiva!
Valeu, João! ;)
Postar um comentário