sexta-feira, setembro 18, 2015

Vício é querer a dor mais forte e escolher o lado errado sempre

Curioso. E me peguei aqui, em casa, olhando para a minha potencial algoz. Aquela que poderia ter acabado com toda a história. Mas por fim, não acabou. Devaneio. Algo errado dentro de mim pedia o contrário e eu relutei. Relutei demais, e consegui vencer, fiz apenas um agrado que me marcou até hoje. Muita gente fala que eu sou o cara que mais gosta de tatuagem, mas ainda não tenho nenhuma. Mentira. Tenho as minhas, são três traços lascados na pele, mais especificamente no antebraço. Doeu, castigou, feriu. O corpo sente, a alma entende. E logo hoje me deparo com ela, que por muito tempo foi escondida de mim, talvez por medo, talvez por precaução. Sábios. Mas estive cara a cara com ela. Ela me olhava de um modo cheio de dúvidas, como se não soubesse o que havia ocorrido, ou como se pedisse para ter ido mais longe. Por Deus, não fui! Não dessa vez. Mas tive que encará-la, ela me olhava, e eu olhava mais ainda para ela, parecia uma hipnose, não induzida, mas voluntária. Ainda havia marca daquela época, sangue seco, sujo e negro. Sujo, impuro. Mas estava lá, um pedaço de mim e daquela época que foi. Ficou. Hoje, agora, tudo, tudo é passado. Amanhã é um novo dia. Tem que ser um novo dia. Assim esperamos, eu e ela. Bem do meu lado, como uma ex-amante, como uma cúmplice, que nada pode dizer além de me mostrar o que aconteceu naquela época. Ela fala por si, minha pele fala por mim. Tenho tatuagens, nada ortodoxas, mas são minhas, e somente minhas. Eu sei onde pisei e o que passei. Talvez ela saiba mais do que eu. Mas que fique claro, quem manda SOU EU!

Um comentário:

Eric Bustamante disse...

Porra cara. Agora posso dizer que estive lá. No ápice da sua tatuagem. Pude sentir algo próximo do que você sentiu. Falou tudo e não falou demais.