Um conto vazio

“Suas decisões sempre terão peso na sua vida, não adianta fugir”, foi o que lhe restou a dizer depois de olhar nos olhos dela e sentir que ainda havia alguma dúvida sobre isso. Já havia vivido isso antes sim, por isso essa frase saia dos seus lábios com tamanha facilidade e que nem mesmo era tão tortuoso dizer isso.

Ela permaneceu do mesmo modo, inerte. Parecia que nada poderia atingi-la. Por obvio ela ainda estava dividida por dentro, por mais que ela tentasse fugir, uma resposta apareceria. Não havia uma opção correta, não há uma resposta correta, tudo é certo em se tratando do ser humano. O ser humano sofre muito com essa dicotomia entre certo e errado; puro egoísmo.

“Suas decisões sempre terão peso na sua vida, não adianta fugir”, ele sempre ficou tranqüilo com isso, sempre soube que ela era quem tinha mais a perder, mas sentia-se numa obrigação moral de tentar mudar isso. Dessa vez, ela era tão egoísta quanto ele. Apenas se limitou a pesar em como seria fácil que ela decidisse logo essa coisa, e aquilo tudo acabasse de um jeito ou de outro, enfim, aquilo tinha que acabar. Mas não sabia como lidar com algumas respostas, não se importaria em ser clichê, ao menos uma vez na vida, não por gostar dela, mas apenas por gostar desse momento conflituoso e extremamente pessoal, envolvem sentimentos (bons ou ruins) de duas pessoas.

Era noite em Belo Horizonte, chovia um pouco, e ele estava completo em casa, submerso nos seus pensamentos, sentia-se confortável em buscar saídas, gostava de opções, enfim, ele nasceu para o conflito.

Nada disso faria sentido se tudo terminasse para sempre.