Fumar já não era mais um hábito tão recente assim. Ainda
atropelava cigarros viciando nas últimas 48 horas o tempo que perdeu. Insone
por completo. Nenhuma música o acalmava. O chão clamava por socorro se pudesse
reclamar das pisadas incessantes de um lado para o outro. E a carta ali, por
cima da mesa, esquecida entre alguns pedaços de manuscrito de algo que jamais
publicaria e um filme de Godard que jamais seria visto outra vez.
Sentir, doer, eram hábitos recorrentes. Sorria de nervoso,
repassando alguns bons dias na memória. E o corpo jogado no chão, esquecendo da
vida entre um passado trágico e um futuro qualquer, daqueles que só se quer
experimentar uma vez.
Talvez, padecer fosse um hábito urgente. Cortava-se há
semanas. Lacônico. As paredes da casa ruiriam se entendessem a prisão que elas
representavam para ele. Enquanto as chaves permaneciam penduradas na porta,
pedido para serem giradas até a saída se apresentar e o caminho ser seguro pela
última vez.
Sangrar era um hábito presente. Todavia, estancava as
feridas com as mãos, contendo os amores que cismavam em escorrer de si.
Sensível. Nenhuma calma o aplacava. E as vozes ali, espalhadas na cabeça,
dizendo que estava tudo bem e que era só fechar os olhos para acabar de vez.
Viver, meus caros, era um hábito iminente. No entanto,
fugia. Sincero. Nenhuma vitória. A cama desarrumada. E os textos. Ao invés.
Nenhum comentário:
Postar um comentário