terça-feira, setembro 12, 2017

C.V.V.

Quantos tombos eu já tomei, acho que posso fazer uma lista com os maiores. O pior de tudo é que a cada tombo novo, sempre parece ser o pior. Daí quando você acha que tudo já passou, e que já passou por coisa pior o ou mesmo já passou por tudo, acaba se vendo no mesmo buraco em que está acostumado a estar. Parece que ele te suga e te destrói, destrói, destrói.
Como viver vem sendo sofrido ao longo dos anos, como eu posso conseguir superar isso tudo e ainda ter que ter parcimônia para o que está por vir? Quem me explica como é que eu vou ganhar? As leis deste lugar são puras ilusões, sendo que a gente acaba não recebendo o que precisa e acaba não tendo em troca o que emanamos ou mesmo o que pensamos emanar, na pior das hipóteses o que pensamos emanar para as pessoas. Quem são essas pessoas e o que elas querem de mim?
Eu posso ver todo mundo lutando a todo o momento, com sangue nos olhos e eu simplesmente me desintegrando gradativamente, em alguns períodos de forma assustadoramente rápida como uma pedra caindo do céu, ou mesmo lentamente como um saco de plástico atirado do décimo primeiro andar de um prédio e vai descendo lentamente até chegar ao caos da avenida, onde será atropelado e levado pelos carros que por lá passam...
Eu só quero estar preparado para o meu momento, seja ele qual for, o do meio, do início ou do fim. Será que eu já me acostumei com a dor? É claro que não! Mas é claro que não. Não há como se acostumar com isso, dói. Arranca carne do meu peito sem nenhuma dó e sem anestesia e muito menos sem saber se eu estou preparado para sofrer tamanha invasão sangrenta.
Não me pergunte por onde caminhei nesse período, nem com quem andei. Mas procure saber em o que me transformei e como lido com isso, dia a dia, noite a noite, hora a hora, mês a mês, ano a ano...
Sei que já provei de vários sabores, mas o amargo é o que insiste em ficar no meu paladar monodegustativo. Não tem parte boa nisto, não tem parte agradável nisto. Há uma falsa sensação de que você tem o controle de tudo, e parece que é isso que é todo o mal de tudo é simplesmente fazer com que você acredite que possui o controle de tudo em você e ao seu redor, e quando descobre que as coisas não funcionam desta forma, vem em formato de choque. Choque. Choque. Como destrói. Como arde por dentro da gente.
Buscar por um novo horizonte, talvez bem distante de Belo Horizonte. Daqui já provei de todas as bebidas de todos os bares, já comi em todos os lugares que existem e provei de todos os sabores. Não gostei. Ou pelo menos, não gosto. Não agora, não hoje, não nesta noite em que escrevo esses pedaços de um doce coração.
Há tanto para falar, tanto para viver e muito pouco tempo de existência terrena. Desesperador. Como se você tivesse apenas uma hora para escrever o livro de toda a sua vida, e quando chega-se aos 59min58seg.; lhe dizem: larguem as canetas, o tempo acabou!

Um comentário:

Anônimo disse...

Cada tombo parece pior do que o anterior porque ao invés de aprendermos a não cair, como fazem os escolhidos, nos machucamos demais...e quando caímos de novo, as feridas que nem cicatrizaram abrem-se novamente.