Nota-se que as últimas palavras foram as dela, escrever
ainda era difícil. Sangrava um pouco a cada toque no teclado, cada letra no
papel amassado, deixando um pedaço dele mesmo. O resultado, apesar de que para
muitos parece belo, era doloroso. Depois disso tudo, a folha e o bloco de notas
precisou ficar muito tempo em branco, uma história esquecida de passados nem
tão distantes. Até que ela apareceu por aqui, entre um presente escondido e um
texto relido, como se quisesse garantir que tudo estava em seu lugar. Mas ele
já não ouvia mais a banda tocar. O cheiro dela havia sumido. Voz inaudível. A
única coisa que restava era uma prosa de despedida, dessas mesmo que a gente
escreve para dizer que já não se importa. Feita sob medida para quem escolheu
virar sombra de sentimentos que eclodiam.
Você então me interrompeu: “-
Faça um favor a si mesmo...”
escrito solto achado na gaveta
Há 5 anos
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