terça-feira, setembro 23, 2008

...Mesmo que for só...

Quem nunca serviu de ombro amigo para escutar reclamações do tipo:

-To me sentido bem só...

-No to bem, preciso logo arrumar alguém.

-Mas você se sente bem assim? Sozinho?

Pois bem, tudo isso está ligado à tradição de se ligar felicidade a estar acompanhado de alguém. Acho que nem mesmo chega a ser tradição, mas, digamos que o homem seja um ser só por excelência. Muitos não captam essa linha de pensamento.

A primeira perda ocorre no útero, quando somos desligados do cordão umbilical. Ressalto, é a primeira de muitas.

A solidão não pode somente ser ligada a fatores externos, a solidão persiste mesmo quando se está acompanhado de pessoas. Foram os malditos capitalistas que instituíram essa idéia de que o indivíduo necessita mostrar que está feliz, que está de bem com a vida e que vive rodeado de pessoas; tudo isso sem a menor afetividade.

Seguindo as orientações capitalistas acima expostas, chegaremos á idéia completa de vazio.

Vamos aceitar que o ser humano é um ser que vive buscando não estar só, mas isso não é possível. Não há completude.

“Quando sentimos falta de nós mesmos, achamos que outro irá preencher esse vazio e o responsabilizamos por isso. No entanto, só podemos estar com os outros quando não estivermos mais sentindo só.”

A grande verdade é que nós somos nossos carrascos, mantemos severidade e crítica perante nós mesmos, acabamos cumprindo um ideal que é o de agradar os outros e, desta forma, nos matamos. Deixamos de existir em nossa plenitude.

Por isso eu sempre pensei que a solidão foi feita para ser vivida, sentida e aproveitada. Não devemos passar a vida toda tentando dela nos desfazermos. Resultaria na busca impossível.

“O homem é um ser irremediavelmente desamparado e vivencia pela primeira vez essa ruptura no momento do nascimento. Mas as formas de lidar com a solidão são individuais e subjetivas”

2 comentários:

Anônimo disse...

“Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente, parte do todo; se um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se fosse um promontório, assim como se fosse uma parte de seus amigos ou mesmo sua; a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti.”

Donne, John

Gustavo Rodrigues S. Dias disse...

Fantástico!