terça-feira, agosto 28, 2007

Ela sabe o que faz

Num determinado dia, alguém havia lhe dito que sua vida era de certa forma, um mundo de fantasias. Quando ela ouviu isso, fingiu não dar a mínima importância, mas, em seu interior, sentiu-se bastante incomodada. Como poderiam entrar em suas defesas de tal forma? Quem tinha esse direito de dizer o que se passa com cada um? Ficou bastante magoada com aquela constatação, afinal, ela não via nenhum mal em ser dessa forma, se refugiava sendo assim, se abrigava em si mesma.

Isso que ouviu de fato afetou o seu dia, passou então a tentar pensar um pouco mais sobre isso, o que, de certa forma, não havia sido uma boa idéia.

Tirando todas as ocupações de uma rotina normal, em determinado momento ela se via totalmente distante de tudo que era físico, havia somente um imenso campo de sentimentos e sensações, silêncio, muito silêncio.

Tentou por bruto modo se dar por si, mas não conseguia voltar à realidade, não conseguia. Algo a chamava para continuar naquele transe inafastável. Conseguiu, ao poucos, perceber que estava sozinha em seu quarto, conseguiu, aos poucos ir acordando para a realidade e controlar as fugas de sua alma.

Quando conseguiu voltar para o mundo físico, ouvia uma música de Bob Dylan (ou quem quer que fosse...) tocando ao fundo, e nem mesmo se lembrava que fora ela mesma quem colocara aquele CD, há algum tempo já. Já não havia mais silêncio no ambiente, somente por dentro dela havia silêncio.

Não mais estava inquieta com as coisas que antes a atormentavam, o telefone toca e ela desperta por completo, era o seu namorado que ligava.

“-Ei...O dia ainda não acabou! Acorda! Vamos!”

A vida, sim.

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